O jornalista e crítico musical José Ramos Tinhorão concede entrevista em São Paulo, na década de 90 — Foto: Paulo Pinto/Estadão Conteúdo/Arquivo

O pesquisador musical José Ramos Tinhorão morreu aos 93 anos, em São Paulo, nessa terça-feira (3). A informação foi confirmada pela Editora 34, responsável pela publicação da maioria dos livros do historiador.

Segundo comunicado, Tinhorão estava internado com pneumonia há dois meses e tinha a saúde afetada pela idade e por um AVC que sofreu há 3 anos. O enterro acontece na quarta (4), em São Paulo.

Ele é considerado um dos maiores historiadores da música brasileira e tem mais de 25 livros publicados, como “Música popular – Um tema em debate” e “O samba agora vai – A farsa da música popular no exterior”.

Exigente e polêmico, Tinhorão teve atritos com a turma da Bossa Nova e do Tropicalismo ao menosprezar os movimentos com o argumento de que aquilo não era realmente brasileiro, segundo ele.

“A Bossa Nova tem ritmo de goteira e é puro jazz pasteurizado”, afirmou o pesquisador em um debate que o G1 participou na Flip de 2015.

Ele também se referiu a Tom Jobim como “um coitado” e disse que a música popular brasileira sempre fracassou no exterior.

Natural de Santos (SP), José Ramos foi morar no Rio ainda criança e se formou em Direito e Jornalismo. Ele começou a atuar em veículos de comunicação no começo dos anos 50.

Tinhorão, nome de um planta venenosa, era um apelido entre os colegas de redação no Diário Carioca e passou a ser usado quando o chefe de redação, Pompeu de Souza, acrescentou na assinatura da sua primeira matéria publicada.

A imersão na pesquisa da música popular brasileira começou em 1960, quando foi convidado para escrever sobre samba em uma série do Caderno B, suplemento do Jornal do Brasil.

Fez entrevistas com Ismael Silva, Donga, Pixinguinha, entre outros nomes relevantes da cena musical, mas que ainda não tinham a história registrada.

Alguns desses artigos estão em “Música popular: um tema em debate”, um dos livros de maior sucesso do pesquisador. A partir disso, ele começou a investigar outras manifestações da cultura popular e urbana do Brasil.

Ao longo dos mais de quatro décadas de carreira, passou por veículos como Diário Carioca, Jornal do Brasil, TV Excelsior, TV Globo, Rádio Nacional e Veja.

Tinhorão tinha um acervo gigantesco com mais de 10 mil LPs, além de livros, fotos, filmes, jornais, revistas e diversos outros itens que mostram a evolução da música e da cultura urbana brasileira. O material foi vendido ao Instituto Moreira Salles em 2001.

Fonte: G1RN

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