O tribunal de Jerusalém que julgará o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por corrupção começará a examinar as evidências em janeiro, anunciou nesse domingo (19) a presidente da jurisdição.
Netanyahu, acusado de corrupção, fraude e abuso de confiança em três casos diferentes, afirma ser inocente e se diz vítima de uma “caça às bruxas pela Justiça e pela mídia”.
Inicialmente agendado para meados de março, o processo foi adiado para 24 de maio devido à pandemia de coronavírus, antes de ser novamente postergado para 19 de julho.
Advogados de Netanyahu pediram um adiamento de seis meses para preparar sua estratégia. Segundo a agência de notícias Reuters, eles sugeriram que seria difícil tirar a verdade de testemunhas vestindo máscaras de proteção contra o coronavírus, atualmente obrigatórias no país.
Na transcrição da audiência, realizada nesse domingo (19) sem a presença de Netanyahu, a presidente do tribunal, Rivka Friedman-Feldman, estabeleceu o calendário para as próximas etapas do processo.
“As partes devem se preparar para as audiências de testemunhas (mais de 300) a partir de janeiro de 2021”, disse ela, segundo a agência de notícias AFP. De acordo com a Reuters, as testemunhas serão ouvidas três vezes por semana.
O procedimento será “longo e cansativo” e pode levar de “dois a três anos”, conforme afirmou o professor de direito israelense Gad Barzilai à AFP.
Segundo a lei israelense, o primeiro-ministro só deve renunciar se for considerado culpado de um crime depois de ter esgotado todas os recursos, o que pode levar anos.
As acusações contra Netanyahu impulsionaram protestos contra ele. Os manifestantes o criticam por suposta corrupção e pela sua resposta ao coronavírus.
Segundo a Reuters, a polícia israelense usou canhões de água para dispersar manifestantes que se aglomeraram em frente à casa do premiê em Jerusalém nesse sábado (18) para exigir a renúncia dele.
Em Tel Aviv, milhares de pessoas se reuniram para protestar contra a gestão das crises sanitária e econômica, um dia depois da entrada em vigor de novas restrições para conter a propagação do novo coronavírus. Na cidade, manifestantes que bloquearam ruas entraram em confronto com a polícia.
O gabinete do premier e o Ministério da Saúde anunciaram na sexta (17) que a maioria do comércio não essencial e dos locais públicos deverão fechar neste fim de semana, até nova ordem.
O país, de 9 milhões de habitantes, registrava ontem (19) mais de 50 mil casos da Covid-19 e mais de 400 mortos.
Fonte: G1
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