Julian Assange é preso em Londres — Foto: Henry Nicholls/Reuters

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, de 47 anos, foi preso nesta quinta-feira (11) pela polícia britânica na embaixada do Equador, em Londres, onde estava desde 2012. O WikiLeaks é uma organização que divulga documentos confidenciais de governos e empresas.

A polícia londrina afirmou que a prisão tem relação com um pedido de extradição contra Assange feito por autoridades norte-americanas. Os policiais entraram na embaixada após o presidente equatoriano, Lenín Moreno, suspender o asilo que concedia a ele.

O criador do WikiLeaks foi levado para uma delegacia do centro de Londres e depois seguiu para a Corte de Magistrados de Westminster.

O departamento de Justiça dos Estados Unidos informou que Assange é acusado de conspiração em uma tentativa de entrar ilegalmente em um computador do governo americano para ter acesso a informações confidenciais. Por essa acusação, caso seja condenado, ele pode pegar até cinco anos de prisão. O jornal “The New York Times” destacou que ele não está sendo acusado de espionagem.

Sem cidadania equatoriana

O Equador anunciou nesta quinta que, além do asilo, a cidadania equatoriana de Assange foi suspensa.

O presidente Lenín Moreno disse que o fundador do WikiLeaks violou repetidas vezes os termos acordados para permanência na embaixada. Ele disse que o asilado não tinha o direito de “hackear contas privadas ou telefones” e não podia intervir na política de outros países, especialmente aqueles que têm relações amistosas com o Equador.

Em uma rede social, Moreno afirmou que a decisão foi tomada também em razão da conduta desrespeitosa e agressiva de Assange, além das declarações da sua organização contra o Equador (veja abaixo). Ele foi acusado, pelo presidente equatoriano, de instalar equipamentos eletrônicos não permitidos e bloquear câmeras de segurança da embaixada, além de maltratar guardas.

Nesta semana, Fidel Narvaez, ex-cônsul do Equador, havia dito que Assange foi acusado de invadir a privacidade de Moreno.

Para o WikiLeaks, a decisão do Equador foi “ilegal”. O grupo já esperava o “despejo” do seu fundador. Na quarta-feira (10), o WikiLeaks divulgou que Assange foi espionado durante parte do período em que ele ficou na embaixada.

Kristinn Hrafnsson, editor-chefe do WikiLeaks, disse que as informações podem ter sido entregues ao governo do presidente dos EUA, Donald Trump. Assange é investigado naquele país pelo maior vazamento de documentos da sua história.

Asilo na embaixada

Assange procurou proteção diplomática na embaixada do Equador em 2012 para evitar ser extraditado para a Suécia, onde ele enfrentava um processo por abuso sexual. Ele recebeu asilo por decisão do então presidente do Equador, Rafael Correa.

A acusação na Suécia foi arquivada em 2017. Porém, ele mantinha a sua condição de asilado, porque há um processo contra ele na Inglaterra, por falta de pagamento de fiança, e uma ação nos EUA pela divulgação feita pelo WikiLeaks de documentos sigilosos.

Moreno afirmou, segundo a Reuters, que o Equador recebeu uma garantia britânica de que Assange não seria extraditado para um país onde ele pudesse enfrentar a pena de morte.

Assange ficou conhecido internacionalmente em 2010, quando o WikiLeaks publicou um vídeo de 2007 que exibia helicópteros Apache matando 12 pessoas em Bagdá – entre as vítimas, havia duas equipes de notícias da Reuters.

Ainda em 2010, o grupo divulgou mais de 90 mil documentos secretos com detalhes da campanha militar dos EUA no Afeganistão, seguido por quase 400 mil relatórios internos que descreviam operações no Iraque.

A proteção diplomática tinha sido concedida pelo Equador a Assange há quase sete anos pelo antecessor de Moreno, Rafael Correa, que agora vive na Bélgica.

Fonte: G1

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