A 14ª Vara da Justiça Federal do Rio Grande do Norte retomou nesta sexta-feira (2) os depoimentos das testemunhas de acusação da Operação Manus, que investiga o pagamento de propina na obra da Arena das Dunas, construída para a Copa do Mundo de 2014, em Natal. Entre as cinco testemunhas que devem ser ouvidas por vídeo conferência está o empresário Marcelo Odebrecht, que prestou acordo de colaboração com a Justiça. A previsão é de que a audiência seja suspensa às 15h.
A fase de depoimentos começou em janeiro. Mesmo sem falar à Justiça nessa fase, os ex-presidentes da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), preso em Curitiba, e Henrique Alves (PMDB/RN), preso em Natal, quiseram acompanhar a audiência. Henrique chegou à sede da Justiça Federal durante a manhã, acompanhado por agentes da Polícia Federal. Cunha acompanhou a audiência também por vídeo-conferência.
O juiz federal Eduardo Guimarães Farias é responsável por ouvir os mais de 100 depoimentos de acusação e defesa no caso. Em janeiro ele declarou que retomaria as audiências em abril, porque tem outros casos para julgar na 14ª Vara. Entretanto, atendendo a um pedido da defesa de Henrique Alves, antecipou as novas oitivas. Além desta sexta-feira (2), outras testemunhas devem ser ouvidos na próxima terça (6).
A Operação Manus investiga o pagamento de propina na obra da Arena das Dunas. Os réus são os ex-deputados Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha, o ex-secretário de obras de Natal, Fred Queiroz, o publicitário Arturo Arruda Câmara e os delatores Léo Pinheiro e Fernando Ayres da Cunha, da OAS e da Odebrecht, respectivamente. Fora os delatores, os demais réus negam participação em crimes.
Arturo, que é cunhado de Henrique Alves, também foi ao fórum com seus advogados, para acompanhar os depoimentos desta sexta. Ele responde em liberdade.
Estão com depoimentos previstos durante o dia, as testemunhas Ricardo Pernambuco Junior, Marcelo Bahia Odebrecht, Otávio Marques Azevedo, presos em São Paulo; além de Alexandre José Lopes Barradas e Hilberto Mascarenhas Alves Júnior, presos na Bahia.
Segundo denúncia do Ministério Público Federal, os ex-deputados do PMDB cometeram crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e organização criminosa. Houve susposta troca de favores entre políticos e empresários de construtoras investigadas pela Operação Lava Jato. Com a influência que tinham, os parlamentares teriam facilitado a liberação de recursos de bancos públicos sem os devidos trâmites.
Teria sido assim que a OAS, construtora da Arena das Dunas, teria conseguido empréstimo junto ao BNDES mesmo sem apresentar documentos necessários. Após a obra, o Tribunal de Contas do Estado apontou sobrepreço de R$ 77 milhões na construção. Segundo os investigadores, parte do sobrepreço virou propina e passou pela conta do então candidato à vice-presidência pelo PMDB, Michel Temer, chegando depois à conta da campanha de Henrique Alves. Foram pelo menos R$ 500 mil. Também houve caixa dois, de acordo com o MPF.
Fonte: G1RN