KARMA AÍ! – Ana Luíza Rabelo

KARMA AÍ! –

É fato do conhecimento comum que a vida foi criada aos moldes de um bumerangue: tudo o que vai, volta; tudo o que criamos, tudo o que cativamos (como diria Exupéry) nos é devolvido com intensidade igual. A vida, a existência de seres pensantes, criaturas ativas, propensas ao bem e ao mal, ao conhecimento e à ignorância, bonecos complexos que somos, nos tornam parte da Natureza, e esta requer equilíbrio.

Todo o contexto de existência está inserido na dualidade, na separação de uma coisa por si e por seu oposto. Ao redor de toda essa dualidade universal está o livre-arbítrio, e para contrabalancear tudo está o Karma.

Karma ou carma, segundo a Wikipédia, “é um termo de uso religioso dentro das doutrinas budista e hinduísta, adotado posteriormente também pela Teosofia e pelo espiritismo, para expressar um conjunto de ações dos homens e suas consequências”. Este termo, na física, é equivalente à lei: “Para toda ação existe uma reação de força equivalente e em sentido contrário”. Neste caso, para toda ação tomada pelo homem, ele pode esperar uma reação. Se praticou o mal, então receberá de volta um mal em intensidade equivalente ao mal causado. Se praticou o bem, então receberá de volta um bem em intensidade equivalente ao bem causado.

Desse modo, pode-se dizer, simplesmente, que carma é a lei do retorno, o contrapeso da balança que vem equilibrar as situações nas quais nos colocamos. O carma é a resposta, recompensa ou a punição que a vida nos envia para que possamos aprender com os erros cometidos e repassar as lições aprendidas.

Tudo no universo está em movimento, e o homem, como parte do universo, movimenta-se também. Independente da forma ou velocidade com que se caminha, a estrada vai sempre para frente, para a evolução da humanidade e de cada ser em particular. Se essa crença é verdadeira, é possível afirmar que nossas ações diárias são exercícios, provas de aptidão para “passarmos de ano” na “escola da evolução”.

Portanto, qual a justificativa que poderíamos empregar para dificultar nossas “tarefas”? Será que ser egoísta, invejoso, desonesto, grosseiro, ambicioso ou rancoroso podem ser atitudes suficientemente justificáveis para semearmos espinhos e distribuirmos pedregulhos em nossa jornada? Por que ainda é tão difícil justificar a bondade, a gentileza e a honestidade? Apesar de a física nos ensinar que a força da reação é equivalente à força da ação, sabemos que, na vida, as coisas boas são mais leves e passam rápido, enquanto os maus momentos, por menores que sejam, são árduos e se arrastam no tempo.

Todas as lições que aprendemos em casa, na escola e durante a própria jornada são bengalas, corrimãos, que nos apoiam e facilitam o caminhar. Todas as crenças, religiões e cultos nos orientam, como mapas, nos mostram o caminho correto, que nem sempre é o mais fácil, mas que, com certeza, é o melhor a se seguir.

Sempre que agimos com correção, atraímos positividade. O contrário também se dará quando nos permitimos caminhar com o erro e a má-fé. Ser bom não significa ser tolo, se deixar abusar ou enganar. Esse tipo de afirmação é apresentado por quem, com seu livre-arbítrio, optou por não ser bom.

É importante lembrar que mudar a si mesmo é o primeiro passo para mudar o mundo. Os princípios do inconsciente coletivo são reais e, quando uma determinada quantidade de pessoas atingir um nível (in)consciente de evolução, é certo que os demais se encaminharão para a mesma esfera evolutiva, o que nos leva à história tantas vezes contada por Herbert de Souza (Betinho), na qual o passarinho levava água no bico para apagar um incêndio na floresta e, ao ser criticado por outros animais, maiores e mais fortes, respondeu, simplesmente, que estava fazendo sua parte.

 

Ana Luíza Rabelo Spencer, advogada (rabelospencer@ymail.com)

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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