KAROLINA –
Acordo num sábado após o horário previsto. Tive insônia e passei parte da madrugada lendo, por isso, ao ver meu telefone vibrando me assustei: meus pais combinando um café e rindo da hora que eu havia sido acordada por eles.
Levanto-me e ligo a cafeteira. Acordo meu esposo e, como de costume, puxo ele para dançar. Ele não dança, mas canta e toca violão. Eu não canto, não toco e amo dançar. Começo a cantar no meu jeito desafinado Karolina com K, de Luíz Gonzaga, enquanto danço um xote abraçada a ele. Ele pára e pergunta: por que tantas músicas com o nome de Carolina?
E por que em vários idiomas?
“Sweet Caroline”
“Oh, Carol”
E vamos lembrando outras.
Eu digo a ele que Gonzaga podia ter cantado Severina.
Ele reflete que pode ser por ter 4 sílabas e, assim, fica mais fácil de rimar.
Eu reclamo das duas músicas “Bárbara” que conheço: a de Chico Buarque e a de Los Hermanos. Ambas são chatas para mim. Penso em tantas músicas com nome de mulher e como quase sempre refletem o amor.
O amor, esse sentimento que tentamos explicar com palavras, como se fosse possível. Ele que leva a ter músicas de Carolina, Sandra, Maria e Luísa. Que leva a um sábado fazer um casal dançar em sua cozinha a música de Gonzaga, Karolina com k, sendo mal cantada, mal dançada e mesmo assim inexplicavelmente, uma das melhores danças do mundo…
Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista e Escritora