LÁ SE VÃO CINQUENTA E DOIS ANOS – Flávia Arruda

LÁ SE VÃO CINQUENTA E DOIS ANOS –

Mais de meio século. Quem diria que após 5 décadas só agora eu estaria com a sensação de estar começando a viver! Confesso que me sinto muito melhor, aos 52 do que aos 22, 32, 42. A maturidade é algo fantástico, traz consigo plenitude, leveza e desapego, aceitação daquilo que não se pode ou não se quer mudar. Aos cinquenta e dois anos não me cobro como na época em que tinha meus vinte e poucos anos. Não me saboto mais.

Hoje, penso que tenho menos tempo de vida do que já vivi, no entanto, tem uma vivacidade que pulsa em minhas veias, no meu coração, e na minha mente, com uma forte tendência a me tornar uma adolescente de meia idade, que tem pressa para viver apesar da calma em compreender o tempo para cada coisa.

Cada coisa acontece no seu tempo, e não importa se estarei ansiosa ou tranquila… só acontecerá no tempo certo. Já me perguntei várias vezes sobre o tal tempo certo… certo para que, para quem? Quem define o momento certo para as coisas acontecerem? O que sei é que sempre dá certo, de um jeito ou de outro. Em algum momento as coisas começam a se encaixar e a vida segue seu rumo. Como eu escrevi há pouco, as coisas acontecem no tempo certo.

Acho que o ano era 2015 quando escrevi um pequeno texto sobre o “retrovisar” a vida, que diz assim:

Quando, por algum motivo, olharmos para trás e nos dermos conta que as coisas e pessoas que ajudaram a construir nossas vidas são apenas peças que compõem a nossa história, ficaremos felizes de termos permitido que elas entrassem e saíssem de nossos caminhos, afinal, nossa jornada é e sempre será solitária, a vida apenas nos empresta oportunidades e companhias para que a caminhada se torne agradável. In texto RETROVISANDO.

Ainda perpasso pelas mesmas reflexões que escrevi nesse pequeno texto. É sobre transbordar, com toda a intensidade da alma, nas coisas que valem a pena serem realizadas e vividas; é sobre retirar os pesos da bagagem, deixando-os à beira do caminho, para serem cobertos pela poeira do passado, sem negar, logicamente, os conhecimentos adquiridos apesar dos infortúnios.

Daqui a pouco alcanço uma trajetória de um pouco mais de 5 décadas, e é com gratidão que vejo pelo retrovisor da vida muitas conquistas e lutas que me trouxeram para este lugar, onde tenho conquistado e mantido sólidas as amizades verdadeiras. Até aqui toda a trajetória tem valido a pena, eu me sinto uma pessoa feliz por ter uma família maravilhosa, que me acolhe, incentiva e me apoia em todos os meus projetos, desde os mais bobos aos mais ousados. Sou feliz por ter amigos que confio compartilhar dores e alegrias com o afeto, o respeito e a importância que a amizade requer.

De fato, o amor, no seu sentido mais amplo, é uma construção social, que muda conforme o tempo que estamos vivendo. As relações mudam, as pessoas mudam, as formas de amar também mudam conforme a época. Porém, o amor incondicional, que não atrela imposições para existir ou continuar, nas relações familiares, sociais e amorosas permanece imutável no coração de quem o tem, pois é raro e sem reservas. É precioso e caro, e faz um bem danado.

Como bem divulgam pelos horóscopos da vida, ser de gêmeos é viver o inconstante, ser instável por natureza e que a rotina é algo, definitivamente, enfadonha. Acho que posso atestar esse estado inconstante de ser, afinal, como negar aos cinquenta e dois anos, com muito amor envolvido, que só me resta agradecer por sentir e receber o carinho dos meus pares, e só por isso tenho motivo de sobra para ser grata, por me sentir preenchida pelo sentimento mais nobre que conheço.

 

 

 

 

 

Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora do livro As esquinas da minha existência, flaviarruda71@gmail.com

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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