O poeta Lawrence Ferlinghetti morreu aos 101 anos nessa segunda (22). O artista americano fez parte da Geração Beat que influenciou a literatura americana na década de 50.
A informação foi confirmada ao jornal Washington Post pelo filho Lorenzo, que atribuiu a causa da morte a uma doença pulmonar.
Ele vivia em São Francisco, na Califórnia, cidade em que fundou a famosa livraria City Lights.
“Estamos tristes em anunciar que Lawrence Ferlinghetti, ilustre poeta, artista e fundador da City Lights Booksellers and Publishers, morreu em San Francisco, Califórnia. Ele tinha 101 anos”, diz o comunicado publicado nas redes da livraria nesta terça (23).
“Ferlinghetti foi fundamental na democratização da literatura americana ao criar (com Peter D. Martin) a primeira livraria do país em 1953, dando início a um movimento para tornar diversos livros de qualidade baratos amplamente disponíveis”.
“Por mais de sessenta anos, aqueles de nós que trabalharam com ele na City Lights foram inspirados por seu conhecimento e amor pela literatura, sua coragem na defesa do direito à liberdade de expressão e seu papel vital como um embaixador cultural americano. Sua curiosidade era ilimitada e seu entusiasmo era contagiante. Sentiremos muito a sua falta”, continua.
Lawrence Monsanto Ferlinghetti nasceu em março de 1919 em Nova York. Ele começou a se destacar nos anos 50 quando publicou o poema-manifesto “Uivo”, de Allen Ginsberg, outro nome da Geração Beat.
Com palavrões e descrições do sexo gay, o poema foi rapidamente censurado na primeira impressão em 1956. Um ano depois uma nova tiragem foi publicada, e Ferlinghetti e o gerente da City Lights foram presos sob acusações de obscenidade.
O movimento acabou chamando atenção para a geração de poetas, artistas e hipsters que se rebelava contra o conservadorismo da sociedade americana através da literatura.
Depois, a Geração Beat passou a ser vista como um grupo de escritores iconoclastas americanos da década de 1950 que influenciou a contracultura e o movimento hippie mundial.
Ferlinghetti escreveu dezenas de livros, incluindo um dos volumes de poesia mais vendidos da história americana: “A Coney Island of the Mind” (1958), uma crítica direta e frequentemente irônica da cultura dos Estados Unidos.
No Brasil, o livro saiu pela editora L&PM com o título “Um parque de diversões na cabeça”.
Além do trabalho como escritor, o poeta era visto como guru da cena artística de São Francisco.
Em 1953, ele fundou ao lado de Peter D. Martin a livraria e editora independente City Lights. O lugar se tornou um das mais icônicos espaços artísticos dos Estados Unidos e virou ponto de peregrinação de poetas, artistas e políticos progressistas.
Inclusive, no comunicado que a livraria publicou nas redes sociais, os funcionários deixam claro que vão continuar honrando o espírito revolucionário de Ferlinghetti.
“Pretendemos desenvolver a visão de Ferlinghetti e honrar sua memória, sustentando a City Lights no futuro como um centro de investigação intelectual aberta e compromisso com a cultura literária e a política progressista”.
Fonte: G1
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