Os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da rede pública de saúde do Rio Grande do Norte atingiram o ponto de superlotação no fim de semana. De acordo com gestores da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap/RN), o colapso está próximo. Em Natal, restam apenas dois leitos para atender os pacientes com Covid-19. No Seridó, dos 20 leitos disponíveis em Caicó, 15 estão ocupados, o que equivale a 75% do total.

De acordo com a Sesap/RN, ainda na segunda-feira (11), 32 pacientes aguardavam para serem transferidos aos hospitais da rede para internação. Desses dois se encaixavam nos critérios de “Prioridade 1”, ou seja, pacientes necessitados com urgência de leitos de Unidade de terapia Intensiva (UTI). Outros oito pacientes encontravam-se na “Prioridade 2”, o que significa que já apresentavam um caso grave da doença e também necessitam de internação. Os outros 22 pacientes se encaixam nos critérios de “Prioridade 3”, e podem desenvolver um caso ainda mais grave se não forem transferidos para uma unidade hospitalar.

Durante a coletiva de imprensa da Sesap/RN de ontem (11), o secretário adjunto da pasta, Petrônio Spinelli, ressaltou que já uma diferença entre “colapso” e “superlotação”, cenário que está sendo vivenciado pelo estado. “A diferença é que o colapso representa o momento a partir do qual os pacientes vão chegar ao pronto socorro ou hospitais, e não vai haver respiradores para atendê-los. Nessa hora, a mortalidade vai aumentar demais“, disse.

Por enquanto, os hospitais ainda estão sendo capazes de disponibilizar respiradores para os pacientes que chegam com sintomas graves da doença em busca de assistência. Esse quadro, no entanto, pode mudar com a chegada de mais um infectado pelo novo coronavírus às urgências e emergências. “Como os pacientes internados em UTI ficam ao menos 14 dias ocupando os leitos, os que estão hoje devem continuar amanhã e depois de amanhã. Ao mesmo tempo vão chegar novos pacientes. A população precisa se conscientizar da gravidade da situação“, destacou Petrônio Spinelli.

De acordo com ele, há grande preocupação por parte dos gestores em relação aos baixos índices de isolamento social registrados especialmente nas últimas duas semanas. No sábado, 8, o isolamento social foi de 39,57% no estado, muito abaixo dos 70% considerados ‘ideais’ pelas autoridades de saúde e dos 60% considerados o “mínimo” para garantir uma transmissão controlada da doença capaz de evitar o colapso do sistema de saúde.

A Sesap-RN destacou, ainda, que tem planos de abrir novos leitos do estado ao longo da semana. Estão previstos 10 novos leitos de UTI no Hospital Tarcísio Maia; 5 leitos no Hospital Rafael Fernandes; e entre 15 a 20 leitos no Hospital São Luís, os três municípios de Mossoró, cidade que tem registrado um elevado número de casos e óbitos pela doença.

Outros 15 leitos com respiradores devem ser abertos no Hospital da Polícia Militar e 12 no Hospital Giselda Trigueiro, ambos em Natal. Na capital potiguar, 7 leitos pediátricos para tratamento de Covid-19 também serão abertos ainda esta semana no Hospital Infantil Maria Alice Fernandes. Os leitos já existem, mas não funcionavam por falta de profissionais especializados.

Além desses, mais 10 leitos gerais devem ser abertos em Caicó, e 8 no Hospital de Pau dos Ferros, que está com a situação mais favorável no estado, com três de seus oito leitos disponíveis até ontem (11).

Além da abertura dos leitos nesses hospitais, o Estado pretende credenciar outros na rede provada para atender pacientes do SUS. De acordo com Petrônio Spinelli, ao menos 10 novos leitos devem ser credenciados ao longo desta semana. A maior dificuldade do Estado na abertura de novos leitos de UTI está sendo a capacidade de garantir respiradores para todos os locais.

 

 

Fonte: Tribuna do Norte

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