LEMBRANÇAS…

“O tempo passa, as pessoas mudam, os momentos também, mas as lembranças permanecem” – reproduzi tal pensamento por entendê-lo verdadeiro. Algumas de minhas lembranças pretéritas marcantes são as vivenciadas na universidade.

Neste mês de dezembro a 6ª Turma de Engenharia da UFRN, formada no ano de 1969, fará 55 anos. Tínhamos um slogan jocoso: “Fera em 64, doutor em 69”. A colação de grau ocorreu no dia 12 de dezembro, na antiga Praça Pedro Velho – hoje Praça Cívica -, sendo a primeira cerimônia coletiva do tipo na nossa Universidade.

Tais lembranças não caíram de vez no esquecimento de todos porque ficaram arroladas no livro, “História da Escola de Engenharia da UFRN”. Ufano-me ao citar a obra, porquanto ser minha a autoria. Trata-se do único registro cronológico da criação daquela faculdade, algo que nem a UFRN dispunha. Daí a razão de se tornar fonte de consultas para alunos, engenheiros e professores ligados à profissão em tela.

O livro foi lançado em 2003. Ali discorro sobre a montagem da Escola, as dificuldades enfrentadas pelos fundadores para a aprovação do projeto no MEC e, na sequência, a aula inaugural e outros fatos relevantes. Relaciono os formandos em Engenharia Civil entre 1964 e 2002; e, em Engenharia Elétrica, entre 1971 e 2002.

Duas décadas após o lançamento do livro ainda sou procurado por profissionais do ramo, solicitando exemplares. Entendo eu, para matar a saudade da época repleta de expectativas futuras durante a vida universitária. Deixo de atendê-los por não existirem cópias disponíveis, tampouco, perspectivas de reimpressão da obra.

Continuando com a narrativa eu retirei a aspereza da leitura das inúmeras datas, decretos e identificações contidas no livro, incluindo ocorrências hilárias sobre o cotidiano da Escola. E foi uma dessas passagens engraçadas que me fez, semana passada, consultar o livro pela enésima vez.

Aconteceu de Geraldo Batista de Araújo, escritor e professor aposentado da UFRN, me enviar mensagem dizendo: “Reli seu livro. Obra de quem fez o MOBRAL bem-feito. Aquela passagem de Geraldo Pinho com o professor Pascoal de pijama eu estava presente.”

Geraldo de Pinho Pessoa e Juarez Pascoal de Azevedo, conceituados docentes da UFRN, colegas da turma de 1953 pela antiga Escola de Engenharia de Pernambuco, atual UFP, eram amigos inseparáveis. Devido a essa camaradagem não perdiam oportunidade de azucrinar a vida um do outro.

O fato. Pinho vai à casa de Pascoal, à noite, e o convida para ir ao Centro da cidade comprar jornais do Sul do país na banca Sempre Alerta. Juarez se nega a ir porque estava pronto para dormir. Pinho insiste e, Pascoal, resolve entrar no carro. Chegando ao destino, Pinho, estaciona ao lado da banca e pede ao colega para descer e efetuar a compra. Em poucos segundos, Pascoal, adquire os jornais e volta para descobrir que estava sozinho, sem carro e sem dinheiro, no centro da cidade. Pior: de pijamas.

O troco veio logo depois. Juarez publicou num dos jornais de Natal que Pinho, por dificuldades financeiras, pusera à venda sua bela residência e que ministraria aulas de saxofone a quem interessasse. Pinho, saxofonista amador, teve que suportar a assédio de corretores de imóveis e de amantes do dito instrumento, durante dias a fio.

Geraldo Batista, que comprava jornais na mesma banca de jornais, presenciou a presepada dos amigos e me enviou a mensagem citada acima. Ambos, Geraldo Pinho e Juarez Pascoal, meus inestimáveis mestres, já partiram desta vida.

Nos primeiros anos da Escola, em razão do reduzido número de alunos, professores e universitários se conheciam uns aos outros, formando salutares focos de amizade motivo das gratificantes lembranças de quando aluno fui da UFRN. Minhas congratulações à Turma de 69 pelos 55 anos de labuta na Engenharia Civil.

 

 

 

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil

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