LEONARDO VILLAR, ATOR, 96, ETERNIZOU O “ZÉ DO BURRO” PREMIADO EM CANNES – Luiz Serra

LEONARDO VILLAR, ATOR, 96, ETERNIZOU O “ZÉ DO BURRO” PREMIADO EM CANNES –

O ator Leonardo Villar, nascido em Piracicaba, em 1923, participou do primeiro filme em longa-metragem brasileiro a disputar o Oscar, roteiro de Anselmo Duarte, que acabou premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1962. Expirou a 03, a 25 de julho faria 97 anos.

Em 1964, Villar representou o papel do cangaceiro Lampião (Virgulino Ferreira) no filme O Rei do Cangaço tendo ao lado a inesquecível atriz Vanja Orico, encarnando a personagem Maria Bonita (Maria Gomes de Oliveira) em história real crudelíssima do sertão nordestino, o casal cangaceiro degolado em 1938, na cova da fazenda Angico, Sergipe. A direção de Carlos Coimbra, roteiro de Eduardo Barbosa e Nertam Machado.

O Pagador de Promessas, laureado filme baseado em uma peça teatral da lavra do romancista e acadêmico da ABL Alfredo Dias Gomes. A reparar que a Palma de Ouro é o galardão mais proeminente do cinema do mundo, e Brasil e EUA os únicos países do continente americano a merecerem o prêmio da arte cinematográfica. Foi casado com a genial novelista Janete Clair (Janete Emmer).

Ficou-me na lembrança adolescente a impressão da película O pagador de Promessas, e a atuação magnética e comovedora de Villar como o Zé do Burro. A persistência do homem humilde roceiro, José, para cumprir uma promessa pela cura do seu asno Nicolau, que venderia a terrinha e iria dividi-la entre os pobres, além de levar o animal pelos caminhos de terra seca, subir as escadarias sagradas e entregá-lo ao vigário da Igreja de Santa Bárbara em Salvador. O comprometimento penitente teria sido feito à Mãe de Santo do Candomblé de seu torrão natal do sertão.

A penitência seria enfrentada em longo percurso carregando uma pesada cruz de madeira às costas. Chegou enfim a simplória comitiva de Zé do Burro, a esposa Rosa (Glória Menezes) e o mulo esfalfados às portas da igreja já de madrugada. O padre recusou a oferenda em razão da circunstância “pagã” da promessa.

Um furdunço se formou no adro da capela. Frequentadores do candomblé diziam da discriminação, um jornalista se referiu a Zé do Burro como manifestação pela reforma agrária, que prometeu doar a terra aos pobres. A população se agita a favor do Zé e de pronto chega a polícia e fere-se um conflito, paus, foices, tiros, Zé do Burro tomba morto. A população enfurecida rompe o portal e carrega o corpo do penitente igreja adentro. Fim do filme que marcou a história do cinema mundial.

Em 2015 a Abracine elegeu o Pagador de Promessas o 9º melhor filme brasileiro em lista dos cem melhores de todos os tempos.

 

 

 

Luiz SerraProfessor e escritor
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