Nesta semana, segunda-feira (29), estudantes da Universidade de Brasília anunciaram que iriam fazer um ato em favor do presidente eleito Jair Bolsonaro, e se reuniram no final da tarde, com apenas 20 alunos que usavam camisetas amarelas. Exibiam numa das faixas dizeres como “universidade pública não é lugar de apologia ao comunismo”.
Em pouco tempo, surgiu um grupo de mais de 50 jovens, que avançou na direção dos manifestantes com gritos de “fora fascistas” em visível hostilização. O grupo menor ficou imprensado, sendo logo necessário a intervenção de uma patrulha de PMs do Distrito Federal, para evitar danos físicos e patrimoniais à instituição pública.
Mais tarde, nas mídias sociais, começaram a aparecer comentários sobre o lamentável ocorrido. De um lado diziam o repetitório de que Bolsonaro está “contra negros, gays, minorias etc.”, e que é representante do fascismo. Outros que contradiziam, elevando o tom, tendo uma aluna postado que “grupos de estudantes militantes controlam os espaços de universidades públicas e privadas, tal qual marginais ocupam favelas do Rio”.
Tal situação (ou ferida) que saiu da exaltada campanha presidencial, que ora finda.
Sem exagero, pode-se questionar se tais eventos não seriam reedição dos tempos da guerra fria, assentada agora no campus, de um lado “fascistas” (capitalistas) e, do outro, neocomunistas?
Na realidade, a universidade deveria ser palco das discussões de ideias como contributo à reflexão na forma de objeto presente no pensamento ou percepção mental em Descartes e em Berkeley, por exemplo. Ou ainda no campo da filosofia, sendo o pensar a ideia como fator transcendente aos limites da experiência, como está nos ditames de Kant.
Enfim, o debate intelectual, dessa forma que reacende, pode se tornar perigoso. Não deveria extrapolar o campo das ideias livres e discordantes, por vezes, dentro do pluralismo possível. Não se deve deixar (ou incentivar) partir para confrontos físicos de dominação, na esteira do pensamento único e belicista, como assim eram os comportamentos retrógrados do meado do século XX do Pós-Guerra, que ficou bem lá para trás.