LIÇÕES DO NOSSO TEMPO –

O tempo está nos convidando à reflexão, e mesmo a mudar de vida.

A sabedoria do Eclesiastes, historicamente comprovada, ensina que não há nada novo debaixo do sol e que há tempo para tudo. É tempo de chorar pelos mortos queridos e de lamentar o sofrimento dos semelhantes. O isolamento nos diz que ainda não é tempo de morrer, mas de se afastar fisicamente de encontros. É tempo de exercitar o amor e de usufruir a paz.

Inclusive na catástrofe, há que se buscar o lado bom. O próprio Apocalipse, prevê São João, revela a premiação de pessoas de virtude. Estes podem apreciar o mais assombroso e deslumbrante espetáculo.

O bem é grandioso ofício de Deus. Temos que confiar Nele.

Na visualização de problemas, há sempre dois tipos de pessoas: otimistas e pessimistas. Estes sentem a incapacidade de solução. Alimentam a problemática. Nesta hora veem apenas a tragédia coletiva. Entregam-se ao desespero. Já aqueles, os otimistas, descortinam um futuro bom. Os males preocupam, mas passarão. Acreditam na ciência e na dedicação dos profissionais da medicina. Aguardam a superação da tristeza e do luto.

Para o exercício da atividade possível, é preciso mudar a rotina, reordenar a vivência. É momento propício à reflexão.

A crise é de todos, da classe média e dos potentados, mas, sobretudo, é dos menos favorecidos, absolutamente vulneráveis, os que têm que trabalhar para poder levar para casa o pão de cada dia. São os que não dispõem de álcool setenta e nem mesmo, às vezes, de água e sabão para lavar as mãos.

A bondade vence, sabem as pessoas de bem!

A crise nos determina deveres inalienáveis, principalmente o de ajudar o próximo. Nada reclamar do que lhe falta.

A sabedoria chinesa orienta que, quando você for reclamar não ter sapatos, deve lembrar-se de que há pessoas que não têm pés. É necessário ser e estar prevenido. Os chineses antigos pagavam aos médicos de família todos os meses, mesmo quando não havia ninguém doente em casa. Sabiam que tudo pode acontecer.

Há cerca de três anos, o Reino Unido criou o Ministério da Solidão, Commission on Loneliness. A ministra Theresa May havia detectado “a triste realidade moderna”, uma verdadeira epidemia da solidão. Agora o mundo inteiro deve evitar a existência dessa epidemia dentro da pandemia.

Esta é a nossa chance de melhoria. O confinamento preventivo, legal, dá-nos oportunidade de refletir e fazer o bem, trabalhar o autoconhecimento e pensar na melhoria das relações com os outros. A família reunida deverá repensar o seu papel e o dos seus membros na sociedade.

Muitas coisas podemos fazer. O exercício físico saudável, a leitura que alimenta a alma, a importância das atividades domésticas. Através da internet, apreciar as artes plásticas dos melhores museus.

Com o silêncio industrial e a redução do trânsito, o ar tornou-se mais leve, enaltecendo a natureza. Contudo, o homem deve cultivar bem a natureza para que a sua floresça.

 

 

Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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