A LISTA – 

Estou mais uma vez me recuperando de uma cirurgia. Muito tempo deitado pensando na vida passada. Da janela do meu quarto vejo o céu, à noite as estrelas e a lua, que sempre gostei de olhar.

Noite passada, por volta das vinte e três e trinta, ouvi baixinho, som de uma música que vinha de longe, A Lista, com Oswaldo Montenegro, seus versos me levaram ao passado, cinquenta, sessenta anos.

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais

Fiz lentamente a lista dos grandes amigos e amigas que eu mais via há sessenta anos, voltei a Rua Moçoró, a Redinha, a Universidade, ao inicio de minha vida de casado. Vi que o tempo voa e assim como o amigo Dalton Melo, sou amante do passado.

 Voltando a Rua Moçoró lembrei-me dos amigos que tinta desde Rua Trairi até a Rua Apodi, que fazia um retângulo com a Av. Deodoro e a Av. Hermes da Fonseca. Com eles eram brincadeiras, depois das aulas, estudar e depois? Peladas nas ruas ou terrenos baldios, banhos nos tanques da Praça Pedro Velho, excursões pelo morro de Mãe Luiza, banhos de chuva nas ruas ou biqueiras, jogos de botões, reuniões de noite embaixo do poste. Quantos amigos eu tinha? Quantos não vejo mais? Muitos já partiram desta vida, outros, não tive mais notícias.

A Redinha fez parte da minha infância e da minha juventude. Os botes a vela capitaneados por Janjão, Gonzaga e Ferrinho e as lanchas motorizadas de Luiz Romão atracando no velho cais da Tavares de Lira ou no trapiche de madeira aonde as tardinhas ia com mamãe esperar a chegada de meu pai. Foi na Redinha onde surgiram os primeiros “namoricos” ou as primeiras namoradas.

A Universidade! Entrei com dezenove anos, no nosso trote eu, Pancrácio Madruga e Geraldo José Leite de Melo alugamos uma carroça e saímos desfilando pelas ruas de Natal.

Já não vejo quase ninguém todos os dias, alguns faleceram jovens, outros saíram de Natal, e outros, o trabalho, as obrigações familiares mantém certa distância. Os amigos que mais via há dez anos, muitos faleceram, mas, alguns ainda vejo quase que toda semana, poucos todos os dias.

Faça uma lista dos sonhos que tinha

Quantos você desistiu de sonhar!

Quantos amores jurados pra sempre

Quantos você conseguiu preservar.

Tive alguns sonhos e tive que desistir de sonhá-los. Os compromissos familiares me obrigaram a isto. Mas, tive alguns realizados e o principal foi a minha família, meu trabalho, sou muito feliz com eles.

Perdi poucos amores jurados, uns casaram, outros esqueci. Preservo hoje os amores que tenho meus amigos e a minha família.

Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor, membro do IHGRN

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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