LIVROS QUE MUDAM DE LARES –
“Gostaria de presentear o senhor com dois livros de poesias”. Essa foi a mensagem que recebi neste abril de tantas e lamentáveis perdas de sorrisos de entes queridos que se foram sem um adeus.
“Receberei com muita alegria e os lerei com todo o esmero”, foi a minha resposta a esse inusitado desprendimento que aguçou a minha curiosidade em saber a autoria dos referidos livros.
Enfim, em minhas mãos!
Um deles me chamou atenção por dois detalhes: a data 1992, e por ser de um confrade da Academia Mossoroense de Letras (AMOL). Fui às páginas iniciais para conhecer e li na sua ‘apresentação’: “Estes meus versos são a explosão espontânea e fiel de meus sentimentos. É a minha maneira de ver, sentir e interpretar os fatos e as pessoas, bem como as comédias e tragédias do quotidiano”. Isso me deu disposição para iniciar imediatamente o passeio folha por folha. Faltava no entanto conhecer sobre o autor: Raimundo Soares de Souza (1920 – 1996).
Empreendi pesquisa e fiquei feliz em saber que se tratava de um homem de ilibada conduta moral, filho do desembargador Silvério Soares de Souza, patrono da Cadeira 40 da AMOL, que foi ocupada justamente pelo poeta autor dos livros. Além de poeta, também havia sido Promotor de Justiça, Deputado Estadual, Deputado Federal, Prefeito de Mossoró, diretor na ALCANORTE e da Companhia Federal de Seguros.
Mas o que foi mais significante para mim, naquele momento, foi quando ele expressa que é “Poeta desde o primeiro alento / Quando as musas me foram ver”.
Fui adiante nas páginas do livro ‘POESIAS’ e, ao tempo em que desfrutava da beleza poética, também fui conhecendo, paralelamente, a história deste singular homem.
“Raimundo Soares de Souza: ex-prefeito mossoroense, advogado, erudito, grande orador, criador da hoje Universidade do Estado do RN (UERN), apaixonado por Mossoró, Raimundo entrou e saiu da política com as mãos abanando e moralmente asséptico.” Assim o descreveu o jornalista Carlos Santos.
Pois bem! Na página 52 do citado livro encontro um poema cheio de verdades, que parece ter sido escrito para os dias atuais.
Vejamos:
“ALTERNATIVA
Na complexidade dos conflitos / Que agitam o mundo atual, / Avulta a violência dos atritos, / Destruindo os princípios da moral. / E como se de repente um eclipse / Mergulhasse o mundo em caos sombrio, / Prenunciando próximo Apocalipse / E o fim do planeta em desvario.
Ninguém pode ter otimismo / Em face da realidade cruel, / Nem ninguém deve usar eufemismo / Para mudar o vinagre em mel. / A verdade precisa ser dita / Em dura e nua crueza, / Para que a situação maldita / Não nos pegue assim de surpresa.
Se se colocar o problema / Sob a luz de histórica visão, / Vamos enfrentar o dilema / De catastrófica opção, / Sumir com honra e altivez, / Preservando a identidade, /Ou sucumbir de forma soez / Sem qualquer dignidade.
Malgrado tudo, finda é possível / Conjurar a mortal ameaça, / Se se tornar admissível / Lutar com denodo e raça. / É preciso firme postura, / De amor e fraternidade, / Para que se dê a cura / Dos males da humanidade.”
…
Continuo lendo os livros presenteados e que me levaram a aumentar o conhecimento sobre mais um reconhecido poeta, entre tantos que passam pela temporaneidade dos dias sem percebermos o quanto se inspiraram para nos proporcionar pérolas como essa, ALTERNATIVA.
Concluindo, cito, dele também: “Nem toda prece é prece, / Se murmurada sem fé.”
Viva a poesia. Viva o poeta Raimundo Soares de Souza.
E obrigado a você que me presenteou com os livros.
Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras (josuacosta@uol.com.br)
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