Tartaruga foi registrada morta na praia de Búzios — Foto: ONG Oceânica
Tartaruga foi registrada morta na praia de Búzios — Foto: ONG Oceânica

Desde a última sexta-feira (23), após toneladas de lixo chegarem à faixa de areia de praias do litoral Sul potiguar, pelo menos cinco animais marinhos foram encontrados mortos nessa área: quatro tartarugas e um golfinho. No entanto, segundo pesquisadores do Projeto Cetáceos da Costa Branca, da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, a ingestão do material não foi a causa da morte.

De acordo com os pesquisadores, pelo menos nos três casos de animais aos quais eles tiveram acesso, nenhum teve morte por ingestão de lixo. Mas isso não afasta a preocupação quanto ao impacto do desastre ambiental na fauna marinha.

De acordo com o professor Flávio Lima, que coordena o projeto, a ingestão de lixo é uma das principais causas de morte de tartarugas encontradas no litoral potiguar, sendo que a principal é a “interação com a pesca” – quando os animais ficam presos em redes e outros equipamentos de pesca, por exemplo.

“Mensalmente registramos no litoral do RN cerca de 80 tartarugas marinhas entre vivas e mortas. Cerca de 14% tem morte relacionada com a ingestão de lixo”, afirma.

“Considerando apenas os animais que foram confirmados com registros de interações antrópicas, a interação com a pesca apresenta maior número de ocorrência, seguida do corte por faca de um ou mais membros, ingestão de lixo e choque com embarcações”, pontuou o pesquisador.

No caso das duas tartarugas e do golfinho avaliado pelos pesquisadores no fim de semana, nenhum teve morte por ingestão de lixo. As causas da morte foram naturais ou por “interação com a pesca”. Mas o professor ressalta que isso não afasta a gravidade do problema.

Risco

De acordo com Flávio Lima, o lixo ainda é grande e está flutuando. Porém, conforme, os plásticos e demais materiais forem se decompondo no mar e afundando, as partículas poderão ser ingeridos pelos animais marinhos.

“Esse impacto, ele não é de imediato, como no caso do óleo. Ele vai transcorrer por mais tempo para aparecer nos animais, com eventuais relações de morte com a ingestão desse lixo. Porque ele ainda uma condição de flutuante e de porte relativamente grande. Mas há sim uma possibilidade de impacto pela ingestão desse lixo, porque animais como tartarugas e aves e golfinhos, por exemplo, podem confundir esse material com seus alimentos, quando ele se decompõe em partículas menores”, afirma.

Lixo

No fim de semana, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) emitiu nota técnica para orientar os quatro municípios que registraram grande quantidade de lixo no litoral Sul do Rio Grande do Norte nos últimos dias. Pelo menos 3,5 toneladas de resíduos sólidos foram recolhidas em praias de Baía Formosa, Canguaretama, Tibau do Sul e Nísia Floresta.

Entre as recomendações às prefeituras, o Idema pediu que uma parte destes resíduos seja armazenada temporariamente para auxiliar nas investigações da origem, ainda desconhecida.

“A gente tem orientado que esse resíduo possa ser armazenado separadamente pelas prefeituras de forma que permita a investigação posterior da origem desse material. Infelizmente, como há muitos voluntários e o pessoal das barracas das praias recolhe, a gente fica sem acesso a esse material e acaba prejudicando as investigações”, declarou Leon Aguiar, diretor do Idema, em entrevista à Inter TV Cabugi.

O que foi encontrado no lixo no RN?

Em Baía Formosa, foram encontrados seringas, tubos para coleta de sangue, documentos, restos de roupas e sapatos. Em Tibau do Sul, um relatório técnico apontou que entre o lixo estavam fragmentos de madeiras, garrafas pets, recipientes plásticos, isopor, sacos plásticos, máscaras descartáveis e seringas. Em Nísia Floresta, foram encontrados plásticos, restos de embalagens, sapatos, garrafas e também um tubo de coleta de sangue.

Fonte: G1RN

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *