LOUCURA POUCA É BOBAGEM! – Flávia Arruda

LOUCURA POUCA É BOBAGEM! –

É loucura viver de ilusões? Sim, é loucura! Mas como viver no mundo real sem um pouco de loucura? Eu e meus filhos havíamos ido ao cinema ver uma comédia brasileira em cartaz. Assistimos ao filme “Loucas para casar”. Foi uma delícia!

Demos boas gargalhadas, embaladas pelo som contagiante do Pharrell Williams – Happy. A história trouxe-me uma boa reflexão sobre o que nós, mulheres, somos capazes de fazer – o do que eu fui capaz de me submeter para ser a mulher perfeita, a mulher ideal – em nome de um amor.

Viajei nas paranoias e cismas que toda mulher cria em torno de um romance, com inseguranças e incertezas. Assim como elas, além de mim, ser o real e verdadeiro modelo sociável, projetado para atender o sistema em vigor, seguindo regras, normas e dogmas. Também criei personagens imaginários, assumindo outras posturas, entre o divino e o profano.

Toda essa loucura que criamos, de fato, é muito cansativa, nos custa horas de sono, pensando, maquinando as próximas estratégias, os próximos passos. Não podemos nos dar ao luxo de cometer nenhum deslize – exceção para os períodos de TPM quando eles nos tiram do sério e do controle de si mesma.

Entre compras no shopping, cozinhar para jantares à luz de velas, futebol às quartas, idas ao colégio para reuniões de pais e mestres, faxinas, salões de beleza, missas aos domingos e mulher de negócios durante a semana, ainda ter que administrar os olhares e as vontades do nosso amado… Ufa! Pense numa trabalheira.

Depois de um tempo tentando ser a Mulher Maravilha, percebi que tudo não passava de desenho animado. Uma vida irreal, distorcida pelas tentativas irracionais de manipulações de atos e ações em que, na maioria das vezes, o tiro amassava os braceletes da super-mulher, deixando as marcas arroxeadas na alma.

Ora, se nem mesmo a Liga da Justiça, abarrotada de seres “perfeitos” e de condutas irrepreensíveis conseguia se entender… Descortinou-se-me a grande sacada. Na verdade, fez-me perceber que o super-herói de quem eu mais era fã, consistia no único a não ter superpoderes.

Ele mesmo, o Batman, aquele que sempre se prevaleceu da sua inteligência, criando armas e acessórios eficazes, cheios de artimanha para combater o mal.

Finalmente, desencanei. Hoje sou leve, solta e despreocupada em ser a mulher ideal para alguém. Tenho a preocupação de me sentir feliz, verdadeira aos meus princípios e vontades com o compromisso de não me trair.

Tenho meus sentimentos fidelizados, equilibrados, priorizados como carro-chefe da minha alegria de viver. Lógico que, vez por outra, ainda me vejo assumindo – não sei se por impulso, vocação ou costume – algumas ações que me colocam em situação privilegiada… Dominadora!

Ainda assim, continuo a dar vida aos meus personagens. Gosto deles, porque de alguma forma me complementam. Por isso os recrio e os reformulo todos os dias, acrescentando, aperfeiçoando, dando graça, beleza e alegria. Assim, todo dia eu tenho uma novidade para cada um deles… E para mim!

 

Flávia Arruda – Pedagoga e escritora

 

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