Lucas Fernandes Nunes Calado – Da Sotheby’s à advocacia imobliária

Lucas Fernandes Nunes Calado é um jovem advogado que veio para Natal com o objetivo de implantar uma representação da Sotheby’s em nossa cidade. Pouco mais de um ano depois, ele deixou de trabalhar com a referida franquia, passando a atuar na advocacia imobiliária, mantendo o seu próprio escritório. Aqui nessa entrevista, ele fala como se dá o seu trabalho, além de abordar de forma realista como anda o mercado imobiliário em nossos estado.

COMO ACONTECEU A SUA HISTÓRIA COM A NOSSA CIDADE?

Eu nasci em Recife, onde iniciei meu curso de Direito na Universidade Católica de Pernambuco. Depois fui para o Rio de Janeiro, onde concluí o meu curso no IBMEC, Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais. Formado, vim para Natal na companhia do meu pai, para lançar a Sotheby’s Realthy. Natal passou a acontecer assim, por causa do boom imobiliário e da sua excelente qualidade de vida. Tanto que permaneci morando aqui.

VOCES CONTINUARAM COM A SOTHEBY’S?

Deixamos de trabalhar com a marca desde 2012. Hoje estamos com um escritório especializado em advocacia imobiliária. Mas continuamos no mercado, vendendo grandes áreas, industrias e shoppings. E aproveitando que fiz curso de Corretagem e especialização em Avaliação de imóveis, prestamos consultoria nessa área. Hoje fazemos parte do Cadastro Nacional dos Avaliadores de Imóveis. E a nossa advocacia imobiliária é muito mais preventiva, sobre análise de contratos, relações jurídicas e comerciais.

COMO É QUE ISSO FUNCIONA?

Objetivando mais segurança jurídica para o nosso cliente. Alio no meu caso especifico a visão do advogado, limitado à lei, com o conhecimento adquirido nos outros cursos, que me proporcionam uma visão bem mais completa sobre essa área. É um escritório de consultoria imobiliária e jurídica ao mesmo tempo. Fazemos uma prestação de serviço completa, um full service. O escritório entra nas empresas para resolver problemas, fazer a prevenção, objetivando baixar os seus custos tanto com as demandas judiciais como com as questões trabalhistas. Como advogado, temos que ir ao cliente e não ficar sentado num birô esperando. E essa visão não se ensina na Faculdade.

AFINAL, QUAL O PERFIL DO SEU CLIENTE?

O nosso cliente é o incorporador, o proprietário de grandes glebas de terrenos, aquele que investe no setor imobiliário. Aquele para quem a segurança jurídica é fundamental. Por isso a nossa preocupação para que a insegurança jurídica não prospere em Natal, pois ela afetará a credibilidade e diminuirá o crescimento do setor. Mas ele é também o consumidor dos imóveis, que sofre com a demora na entrega do seu apartamento, por exemplo. E hoje não se pode mais culpar a falta de mão de obra ou de matéria prima em Natal, como se colocava muito nos idos de 2009.

O BOOM DO MERCADO IMOBILIARIO EM NATAL FOI UMA BOLHA?

Natal foi uma referencia na atividade imobiliária no nordeste, de 2010 a 2011. Já em 2012 deixou de ser, reflexo da crise imobiliária americana, que se estendeu à Europa. O fato é que muitas incorporadoras brasileiras vieram para cá embaladas naquele período áureo, e sofreram por falta de adaptação real ao nosso mercado local. Os valores especulativos foram para a estratosfera na hora da compra das áreas, mas não corresponderam na hora das vendas das novas unidades habitacionais construídas. Contudo, essas anomalias não continuarão eternamente.

E COMO EVOLUIU O MERCADO NO ANO PASSADO?

O ano de 2013 passou a ser de readaptação à realidade local. Ou seja, começou a se viver o período cuja palavra de ordem é a de se olhar com atenção para as vendas no mercado interno. Trata-se do fim de um ciclo exageradamente especulativo, Em outras palavras, definitivamente, o mercado desaqueceu.

E O QUE DEVE SE ESPERAR DE 2014?

Com o mercado desaquecido, este ano é propicio para se fazer outro tipo de trabalho, ou seja, se buscar vender a preços competitivos os estoques das incorporadoras. Irá acontecer o que chamamos de land bank por parte das incorporadoras mais capitalizadas. O estoque de áreas para venda posterior, já com o mercado regularizado. Em 2014 o consumidor vai ter muito mais poder de barganha. E vamos ver queima de estoques, já que não há mais tantos compradores disponíveis com alto poder aquisitivo. Novas construções, só a partir de 2015.

COMO SEU ESCRITÓRIO TRABALHA COM ESSA REALIADE?

Como disse antes, nós trabalhamos também para o cliente comum, que compra um imóvel e quer recebê-lo no tempo próprio. Algumas incorporadoras insistem em usar explicações ultrapassadas para justificar esses atrasos. Ai entra em cena o nosso escritório. E percebemos que a Justiça tem dado reiteradamente, ganho de causa aos consumidores que reclamam judicialmente os seus direitos nessa área. Ela entende que suas justificativas não são plausíveis para tanto atraso.

QUAIS OS PLANOS FUTUROS DA SUA EMPRESA?

Com a MC Internacional Comercio de Imóveis pretendemos continuar crescendo, porque cremos na reestruturação do mercado. Alem disso estão aí a Copa do Mundo, o novo Aeroporto, as áreas extensas que irão ser valorizadas em São Gonçalo, e assim por diante. Em suma, o Rio Grande do Norte não vai sucumbir aos problemas imobiliários. Apostamos na regularização do mercado. Natal vai continuar sendo uma referencia turística, com tudo para se tornar também, a médio prazo,  uma referencia empresarial.

E NA PARTE EMINENTEMENTE DE CONSULTORIA?

Pretendemos também manter o nosso crescimento. Afinal, a preocupação basicamente é com o Direito do Consumidor. Em São Paulo tais ações triplicaram nos dois últimos anos. Aqui elas também estão aumentando. E estamos inclusive prestando nossos serviços de advocacia preventiva também a empresas de Pernambuco. Tanto na área imobiliária como na empresarial.

Ponto de Vista

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