O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcou na manhã nesta quinta-feira (9) para os Estados Unidos, onde vai se encontrar com o presidente norte-americano, Joe Biden.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a reunião será na sexta (10) na Casa Branca, em Washington, a sede do governo dos Estados Unidos. A previsão é que o encontro ocorra durante a tarde.
“Bom dia. Hoje embarco aos EUA, onde me reunirei com o presidente Joe Biden na Casa Branca. Queremos construir relações de parceria e crescimento entre nossos países, pelo desenvolvimento da nossa região, debater ações pela paz no mundo e contra as fake news”, escreveu Lula em uma rede social.
A viagem carrega simbolismos e é vista com expectativa pelo entorno do dois presidentes. Isso porque:
- Lula e Biden derrotaram nas urnas adversários que acenavam com a extrema-direita, Jair Bolsonaro e Donald Trump.
- Ambos assumiram os cargos em um cenário de denúncias infundadas de fraude eleitoral que levaram a ataques contra sedes dos três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro, e contra o Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.
Entre a vitória de Lula, no fim de outubro do ano passado, e a visita à Casa Branca, os dois presidentes já se falaram por telefone em duas ocasiões:
- quando Lula foi declarado vencedor das eleições presidenciais;
- em 9 de janeiro, um dia após os ataques golpistas aos prédios do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto.
Os EUA são o terceiro país visitado por Lula desde que tomou posse, em 1º de janeiro — ele já foi a Buenos Aires, na Argentina, e a Montevidéu, no Uruguai.
Lula também tem a previsão de viajar nos próximos meses para China e Portugal. As datas ainda não foram confirmadas.
‘Reset’ nas relações
O Ministério das Relações Exteriores, em um briefing à imprensa na terça (7), disse que o encontro representa um “reset [recomeço]” na relação de Biden com o Brasil que, segundo a pasta, estava em “banho-maria”.
Temas abordados
A pauta dos dois líderes terá três temas centrais:
▶️ Meio Ambiente: de acordo com o secretário das Américas do Itamaraty, embaixador Michel Arslanian Neto, o Brasil já sinalizou um “impulso especial” na questão durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-27) em novembro . Agora, Lula e Biden devem unir os esforços para engajar outros países.
Michel Arslanian Neto também afirmou que os dois presidentes deverão discutir uma cooperação para o desenvolvimento da transição energética – a passagem da matriz energética focada nos combustíveis fósseis para a eólica e a de hidrogênio.
▶️ Direitos humanos: há interesse dos dois países em impulsionar uma agenda sobre o tema, como o foco no desenvolvimento de uma política para povos indígenas.
O combate à fome e à pobreza também vão integrar a discussão. O embaixador lembrou que o Brasil assumirá no dia 1º de dezembro deste ano a presidência rotativa do G20 e que, dessa forma, deverá colocar o tema “no centro do debate econômico mundial”.
▶️ Democracia: Michel Arslanian Neto afirmou que Brasil e EUA devem enviar uma “mensagem de forte apoio” aos processos políticos democráticos, “com o uso adequado das redes sociais e o combate ao extremismo”.
Quem vai acompanhar Lula?
A primeira-dama, Janja, vai acompanhar o presidente Lula.
Segundo a agenda divulgada, Janja acompanha a agenda oficial de Lula na sexta e, à tarde, participa de encontro reservado com a primeira-dama norte-americana, Jill Biden.
Também integram a comitiva:
- o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira;
- o ministro da Fazenda, Fernando Haddad;
- a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva;
- a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco;
- o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Elias Rosa;
- o líder do governo no Senado, Jacques Wagner (PT-BA);
- e o assessor-chefe da Assessoria Especial da Presidência da República, embaixador Celso Amorim