Eduardo Vilar
Saíram de bicicleta do hotel por volta das nove horas da manhã em direção a estação ferroviaria de La Rochella, era domingo, e o dia estava belo e ensolarado para um bom passeio. O plano dos dois amigos era ir para Cognac, uma comuna a sudeste da França, situada no rio Charente entre as cidades de Angoulême e Saintes. Uma das características de Cognac é o reconhecimento da qualidade de seu brandy, uma bebida produzida através do processo da destilação de vinhos. Além do brandy, a cidade também tem uma história de arte muito interessante para se conhecer como, por exemplo, o Château des Valois, a Igreja de Saint-Leger e o Museu de Arte e História.
Na Gare de La Rochelle havia poucas pessoas e, somente aos domingos, a venda de bilhetes é feita através das máquinas automáticas que, naquele dia, não funcionou a contento. A dúvida perdurou entre os dois amigos, até que Alain argumentou: o que vamos fazer agora, não temos mais possibilidade de viajar para Cognac e não devemos perder este belo domingo. René, mais experiente, logo encontrou um novo lugar para passear e, disse: vamos para Île de Ré, uma bela ilha que fica perto daqui, todavia para chegarmos lá temos que tomar um ônibus na Praça de Verdun. De bicicleta os dois amigos partiram para a Praça de Verdun, ao chegarem, estacionaram e iniciaram à procura do ponto de ônibus para Île de Ré. A praça estava deserta, no posto de informação não havia ninguém, e a procura do ponto começava a ficar exaustiva, quando de repente, René de longe acena para Alain, é aqui neste ponto que vamos pegar o ônibus.
A placa indicava que o próximo ônibus para Île de Ré sairia em uma hora, assim, os dois amigos resolveram sentar no banco da parada e esperar o ônibus chegar, quando, há poucos metros de distância, surge uma elegante dama, que se dirigia na direção do ponto, onde eles estavam. O caminhar da dama chamou atenção dos dois amigos que, observavam atentos o movimento cadenciado de vai e vem de sua anca, que se acentuava nas vestes de sua saia vermelha, bem justa, completando com uma blusa branca bem decotada.
Ao lado do banco onde Alain estava sentado havia um espaço livre que logo foi ocupado pela dama e sem qualquer apresentação indaga: que horas parte o ônibus para a Île de Ré, daqui à uma hora, é o último desta manhã, respondeu Alain. A dama aproximou-se mais de Alain e olhando bem para ele perguntou: você deve ser inglês, não é, e já ensaiava uma conversa quando foi interrompida pelo amigo; gostaria de me apresentar, me chamo René e em seguida a dama retribui com um enchanté, me s’appelle Cristhine, Je suis française Lyon. Naquele momento todos os três se entreolharam, e por um instante, Alain então quebra o gelo dizendo, pois bem, enchanté, sou Americano.
Eduardo Vilar – Prof. Doutor em Engenharia, Jornalista, Escritor, membro do IHGRN
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