MAR CALMO NUNCA FEZ BOM MARINHEIRO – 

Outro dia estava na sala de espera de um consultório médico, quando chegou uma senhora bem falante, daquelas que contam tudo da vida rapidamente, sem nem ao menos importar com os que se encontram no mesmo ambiente.

Os assuntos por ela divulgados, eram nem um pouco otimistas. Rapidamente fiquei sabendo de pessoas mortas pelo covid ou que estavam para tal, festas irresponsáveis realizadas com aglomeração, pacientes transferidos para São Paulo em época de pandemia, nomes de infectados somente, os em péssimo estado.

Escutando tantas conversas, apesar de tentar ocupar minha mente lendo um livro, quando menos esperei estava ressuscitando em mim uma superstição antiga: a de gente negativa cruzar o meu caminho com suas energias escusas. Isso dá azar.

Lembrei que logo cedo, antes mesmo do raiar do sol, havia saído sozinho, para correr na praia da Pajuçara, ao retornar, tomei um banho relaxante, degustei suco de frutas, e sentado na varanda, permaneci relembrando o que mais gosto de realizar.

Pensei nos momentos em que traço estratégias para não me perder de mim mesmo, valorizando a minha própria companhia, encontrando forças para em mais um dia de vida continuar sendo fã número um da vida, por estar ciente ser importante no final da jornada, continuar feliz comigo mesmo.

E a madame, continuava a falar. Sem nem mesmo olhar no seu rosto, concluí facilmente ser a mesma uma pessoa não somente triste mas de mal com a vida. Nada para ela prestava, os elogios que expressava entre um assunto e outro, ensejavam falsidade.

Entendendo a normalidade de sermos regados de negatividade no cotidiano, acredito nunca devermos permitir que tal fato nos desmotive. Imperioso aceitar o quanto somos capazes, ao ponto de tudo poder ser nosso, se formos autoconfiantes.

Quanto mais escutava histórias de doenças, possíveis irresponsabilidades de outrem ao organizar eventos com aglomeração em época de coronavírus, imaginei sermos todos capazes de ir além, e por tal razão não ofereci ouvidos ao negativismo, porque isso iria me fazer parar. Ofereci chance para a minha autoconfiança e capacidade, virtudes que unidas tem me auxiliado seguir adiante.

Finalmente fui chamado para o atendimento. Daquele momento no consultório médico, restou a certeza que vivemos dias de trovão e em época de pandemia, sem alardes, vítima de covid ou não, perdi uma prima e minha mãe. Nesse período, as três e seus maridos e um neto testaram positivo para a doença cruel.

Só quem já passou por tempestades necessita aprender a superar. Mas os que sofreram provações na vida não devem pensar nisso como sofrimento vão. A dor traz ensinamentos e sabedoria jamais adquiridas de outra forma. É como diz a expressão “mar calmo nunca fez bom marinheiro!”

Por isso, quando a vida desafiar você, não baixe a cabeça, não desista. Olhe para dentro de si, busque forças para lutar e superar! Não há nada melhor que se sentir capaz de ultrapassar seus próprios limites, e se ver um vencedor, mesmo com a vida lhe oferecendo poucas armas para enfrentar as batalhas.

 

 

 

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras

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