“Fotografei você na minha Rolleiflex, revelou-se a sua enorme ingratidão” (Tom Jobim e Newton Mendonça).
“”Olha o passarinho! Clic!”
“Já são mais de mil fotos e eu nunca vi uma dessas fotografias”, assim diz Nadir Wanderley, diante de tantas “poses” e nada da materialização destes momentos.
É verdade!
Os tempos são outros e hoje a fotografia perdeu seu majestoso espaço para as imagens digitais, vista de imediato, mas que na maioria das vezes não constituirão um acervo que documenta o presente, para no futuro, o passado ser visitado.
Quem nunca viu na casa de seus pais e avós, um álbum, onde o registro de uma época estava ali nas fotografias “amarronzadas” fixas por cantoneiras coladas em suas folhas acartonadas?
Numa delas, leio no verso a dedicatória: “Para você não esquecer seu grande amor” datada de 1938, e numa outra: “Uma prova da nossa sincera amizade”, de 1943.
As fotografias que retratam um passado, em geral são duradouras e chegam a “viver” mais do que as pessoas fotografadas, ou mais do que o fotógrafo que as registrou nas chapas ou nas películas.
A cena fotográfica é única e jamais será repetida. O momento do “clic” já passou e não poderá ser vivido novamente.
As pessoas, os lugares e os costumes, se transformam, mas só a fotografia permanece autêntica, mesmo guardada por muito tempo num álbum, numa caixa, num porta-retratos ou num baú.
No microconto, ‘FOTOGRAFIA’, publicado no site Recanto das Letras (www.recantodasletras.com.br), digo:
Não é a fotografia que é antiga. Sou eu que estou diferente. Se ela pudesse olhar pra mim, iria se desconhecer.
“Encontrei uma foto de sua bisavó”, avisa Vera, minha irmã, e lá vou eu conhecê-la.
Engraçado é que quando terminamos de ver as fotos “antigas”, novamente guardamos na caixa de forma automática e tão simples, como se o passado fosse fadado ao esquecimento.
Quando contemplamos uma fotografia não percebemos o quanto ela afloraria de emoção se aquele momento permanecesse dinâmico.
O mundo sem fotografias seria um mundo sem registro, sem história, sem recordações.
Podemos dizer que desde que surgiu a máquina fotográfica e consequentemente a fotografia, ela foi testemunha de momentos prazerosos como festas de aniversários, casamentos, batizados, viagens e conquistas. Também de momentos tristes e doloridos como guerras, catástrofes, misérias e infortúnios.
Elas dão conhecimento para quem não estava ali naquela hora e lugar, ou ainda, que relembrem esses momentos de forma saudosa ou reflexiva.
Por muito tempo carregamos fotografias em nossas carteiras de couro ou de matéria plástica, num gesto de aproximação com o ente querido ou daquele que espelha um amor ou uma paixão.
No último capítulo da novela “Coisa Nostra” exibida na televisão idos atrás, há uma cena belíssima, cheia de sentimentos, que sempre que revejo, me dá um ‘arrepio’ de emoção.
Vamos relembrar:
As famílias de imigrantes italianos, reunidos para comemorar a produção do primeiro vinho em solo brasileiro, se juntam para uma fotografia e então é dito: “Esse registro que vamos fazer com todos nós, um dia alguém há de encontrar no fundo de um baú já amarelada pelo tempo, e não se dará conta da importância deste momento que estamos vivenciando”.
E você já se deu conta de quantas e quantas fotografias que estão guardadas nos armários, nas estantes, numa caixa no guarda-roupa, se elas serão “visitadas” no futuro e se também não se dará a importância que elas hoje representam?
Deixo aqui minha gratidão aos fotógrafos anônimos que documentaram a história universal e àqueles que captam os sorrisos das crianças, a pobreza dos povos, o surgimento da vida, os vegetais, as rosas, os rios, as montanhas, os animais, os pássaros, as raças, assim como a maldades do mundo em que vivemos.
Tenho dois filhos (Gunther e Nerthz), uma filha (Laryssa) e um neto (Lucas): Do primeiro, setecentas fotos. Do segundo, trezentas. Da terceira, umas oitenta. Do neto, não contei, pois ainda estou juntando, principalmente as dele dormindo: um verdadeiro anjo!
Minhas?
Ah! Umas quinze. Eu era lindo!
E suas?
Basta-me uma, pois guardo você marcada em meu coração.
Não perca a chance de fotografar os momentos de felicidades!
Deixe suas marcas no tempo.
Carlos Alberto Josuá Costa, Engenheiro Civil e Consultor (josuacosta@uol.com.br)
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