O presidente do Peru, Martín Vizcarra, acatou nessa segunda-feira (9) a decisão do Congresso que o destituiu do cargo por “incapacidade moral” em processo de impeachment e anunciou que deixaria imediatamente o Palácio Presidencial. Ele fez um discurso de despedida na frente da sede do governo, em Lima.
O Congresso do Peru aprovou nesta segunda a destituição de Vizcarra ao final de seu segundo julgamento de impeachment em menos de dois meses. Ele foi denunciado por receber propinas quando era governador em 2014.
A moção para remover o presidente peruano superou os 87 votos necessários no Congresso. Foram 105 votos a favor da destituição.
Vizcarra afirmou que aceita a decisão do Congresso. “Não vou tomar nenhuma ação judicial, não quero que de forma alguma se possa entender que meu espírito de serviço ao povo foi apenas vontade de exercer poder”, acrescentou.
Aos 57 anos, Vizcarra tinha sobrevivido a uma votação anterior que objetivou afastá-lo em setembro – quando apenas 32 dos 130 parlamentares votaram por sua saída – e a uma tentativa de suspendê-lo em 2019.
“Toda a minha vida tenho agido com transparência e colocando todo o meu esforço, minha capacidade e meu coração a serviço do povo e vocês todos sabem disso”, declarou. Ele agradeceu “toda a equipe” que o acompanhou durante sua gestão, iniciada em março de 2018, bem como ao povo peruano por seu apoio.
Vizcarra também negou o que chamou de alegações “infundadas” de que aceitou propinas de empresas que obtiveram contratos públicos quando ele era governador de Moquegua, região do sul do Peru. Ele acusou o Congresso de “brincar com a democracia”.
Vizcarra considerou que, apesar de na manhã desta segunda-feira ter comparecido ao plenário do Congresso para apresentar seus argumentos de defesa, os parlamentares não o ouviram: “e se me ouviram, não me entenderam”, afirmou.
“Rejeito de forma enfática e categórica essas acusações”, disse Vizcarra. “Não recebi suborno algum”, acrescentou perante o Congresso.
Ele afirmou que os dois contratos em questão foram designados por uma agência das Nações Unidas (ONU) e não pelo governo regional de Moquegua, e que as denúncias contra ele são baseadas em reportagens da imprensa e não em decisões do Ministério Público ou dos tribunais.
No domingo, o presidente havia declarado em comunicado ser “atacado de maneira sistemática (…)”, e já afirmava não ter cometido ato de corrupção. Nele, o político também afirmou que seus acusadores “estão gerando instabilidade política”.
Com a resolução que declara a vacância da Presidência da República, o presidente do Congresso, Manuel Merino, assumirá nesta terça-feira (10) a chefia do governo até o fim do mandato atual, que termina em 28 de julho de 2021.
No processo anterior que objetivava afastá-lo, Vizcarra foi acusado de pressionar duas funcionárias do palácio de governo a mentir sobre um questionado contrato com um cantor.
As pesquisas mostram que 75% dos peruanos queriam a continuidade do governo, enquanto o Congresso enfrenta 59% de desaprovação, segundo a agência France Presse.
Fonte: G1
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