O governo do estado de São Paulo anunciou nessa quinta-feira (17) que máscaras de proteção não são mais obrigatórias em ambientes fechados, exceto em locais como unidades de saúde e no transporte coletivo. Outros estados e municípios do país também estão retirando a obrigatoriedade do item em diversos ambientes.
Apesar das flexibilizações, especialistas ouvidos pelo portal g1ressaltam que ainda é preciso tomar certos cuidados com a utilização e, especialmente, o armazenamento do item.
Por que usar em locais como transporte público e como armazenar depois?
Beatriz Klimeck, doutoranda em Saúde Coletiva na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) por trás da página “Qual Máscara?”, lembra que a vacina contra a Covid-19 não protege contrao contato com o vírus, mas que a máscara é que cumpre essa função.
Segundo um estudo de 2021 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Recife, terminais de ônibus são locais com maior risco de contaminação por Covid-19. Aliado a isso, especialistas ouvidos pelo g1 reiteram que espaços fechados e com alta densidade de pessoas exigem o uso de máscaras (como um ônibus lotado), o que reforça o cuidado com a utilização e o armazenamento do item sanitário.
“Os meios de transporte têm uma aglomeração enorme, então a gente precisa manter esses cuidados. O ideal é que a pessoa tenha um um saco plástico para colocar sua máscara com cuidado sem tocar na parte de dentro da máscara“, explica Diego Xavier, epidemiologista e pesquisador do Observatório Covid-19 da Fiocruz.
Klimeck ainda ressalta que essas recentes flexibilizações sobre o uso de máscaras não tem a ver com o fato de que agora não temos mais riscos de contaminação. Pelo contrário, ela defende que essa é uma medida do ponto de vista da política pública que acarretará consequências comportamentais.
A doutoranda em Saúde Coletiva pela Uerj ressalta ainda que deve-se evitar pendurar o item de proteção no braço, pois, em ambientes fechados gotículas ou aerossóis (emitidos pela fala, tosse, espirro, etc.) podem se alojar mais facilmente na máscara e contaminá-la.
Depois de guardar a máscara, lave as mãos ou utilize álcool gel. Klimeck ressalta que é preciso sempre lembrar que o lado de fora do item está potencialmente contaminado.
“O mais importante na questão do armazenamento da máscara é sempre estar com a mão higienizada quando tocar nela. Ande com seu álcool gel para ficar com a mão limpa ao tirar e colocar a máscara”, acrescenta Melissa Markoski, professora de Biossegurança da UFCSPA e membro da Rede Análise Covid-19.
Markoski faz ainda uma ressalva importante quanto ao armazenamento do item de proteção: o plástico faz a retenção de umidade e, por isso, o ideal é colocar folhas de papel dentro de sacos desse tipo de material ou, até mesmo, utilizar um feito de papel.
“É fundamental que a máscara fique sequinha nesse tempo que você vai ficar sem a máscara”, diz Melissa. “A melhor maneira é você colocar entre papéis, seja papel toalha, o que for, colocá-la num saquinho (de papel, de plástico, etc.) e levar sua máscara protegida do ambiente externo”.
Tirar e colocar a máscara repetidas vezes pode afrouxar o equipamento. Por isso, esse processo deve ser feito com cuidado. O ideal é que, quando você puxe o ar para dentro, a máscara colapse para dentro também (como um balão murchando).
“Esse tira e bota da máscara faz com que aquele tempo prolongado de uso da máscara sofra influência, principalmente em relação aos elásticos. Você acaba desgastando os elásticos. Então temos que observar isso”, diz a professora de Biossegurança da UFCSPA, Melissa Markoski.
Um dica importante, ressalta a pesquisadora, é observar a cor do elástico: se não estiver mais tão branco (no caso das máscaras dessa tonalidade), está na hora de trocar.
“Outra questão muito importante para as pessoas entenderem é que a máscara é um filtro; ela precisa estar em boas condições para filtrar. Se ela está suja, se ela molhou, se sofreu respingos, isso já compromete sua eficiência”, acrescenta Markoski.
Fonte: G1