Funcionária é amparada no hospital Getúlio Vargas, em Manaus. Cidade vive colapso causado pela Covid-19, com falta de oxigênio — Foto: Bruno Kelly/Reuters

Manaus está em colapso com o avanço dos casos de Covid-19: as internações e os enterros bateram recordes, as unidades de saúde ficaram sem oxigênio e pacientes estão sendo enviados para outros estados.

Os cemitérios estão lotados também e instalaram câmaras frigoríficas. Para frear o vírus, o governo do estado decidiu proibir a circulação de pessoas entre 19h e 6hna capital.

O Portal G1 reuniu relatos de médicos, funcionários de hospitais e familiares de pacientes sobre a crise sem precedentes.

A médica residente Gabriela Oliveira, do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), diz que a falta de oxigênio deixa os profissionais desesperados ao verem os pacientes agonizando.

Um funcionário do Hospital 28 de Agosto conta que a falta de equipamentos e de oxigênio obriga as equipes a adotar procedimentos manuais para tentar manter os pacientes vivos.

“Em muitas ocasiões, a gente recebe paciente, entuba e fica ventilando na mão até arrumar um ventilador. Mas é complicado, porque até oxigênio está faltando.”

O epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz do Amazonas, afirma que os hospitais de Manaus viraram “câmaras de asfixia”. Segundo ele, a falta de oxigênio e a necessidade de fazer ventilação manual podem causar sequelas aos pacientes.

A cozinheira Michelle Viana perdeu o pai por falta de oxigênio no Serviço de Pronto Atendimento Dr. José Lins.

O promotor Públio Bessa conta que carregou nas costas um cilindro de oxigênio para salvar o filho, internado há 3 dias na Fundação de Medicina Tropical.

“Eu cheguei na hora exata, meu filho não tinha mais oxigênio, e consegui instalar a bomba de oxigênio dele”, diz.

O professor de educação física Walederson Brandão afirma que precisou comprar um cilindro para não interromper o tratamento da mãe.

A técnica de enfermagem aposentada Solange Batista também precisou buscar um cilindro por conta própria para a irmã.

O governador do Amazonas, Wilson Lima, comparou a situação de Manaus a um cenário de guerra. “Nós estamos em uma operação de guerra. Hoje, o oxigênio é o produto mais consumido diante dessa pandemia de Covid-19. Hoje, o estado do Amazonas está clamando, está pedindo por socorro.”

Venezuela

Principal fornecedora de oxigênio do governo do Amazonas, a White Martins informou que pretende buscar oxigênio na Venezuela.

Segundo a empresa, a demanda de oxigênio aumentou cinco vezes nos últimos 15 dias, alcançando um volume de 70 mil metros cúbicos diários. Esse volume equivale a quase o triplo da capacidade de produção da unidade da White Martins em Manaus.

O chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, disse no Twitter que colocou imediatamente oxigênio à disposição do Amazonas. Arreaza informou ter conversado com o governador Wilson Lima a pedido do presidente Nicolás Maduro. Lima respondeu, também na rede social: “O povo do Amazonas agradece”.

Racionamento

Acompanhantes de pacientes internados dizem que o Hospital 28 de Agosto está fazendo racionamento de oxigênio para prolongar os estoques.

Fonte: G1

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