MÉDICOS – HERÓIS NA TRINCHEIRA DE LUTA –
Outro dia lembrando os tempos de meninice, recordei ser aquela uma época de facilidades, quando brincava de muitas coisas: policial, bombeiro e até médico. Bastava algumas árvores com ramagens espessas e ali eu tinha um esconderijo, quartel militar ou até um hospital.
Eu me achava um herói de carne, osso, suor, tinha coragem e ao mesmo tempo medo, enfrentava bandidos, o fogo a queimar os prédios e ajudava a curar as doenças atormentadoras de todos. Muitas vezes acertava em outras errava.
Quando fiquei adulto, os figurantes mudaram, me transformei em engenheiro, marido, pai e há alguns anos, avô. Esses personagens da vida real exigiram de mim tanto quanto aqueles da minha infância.
O tempo passou, mas independente da fase existencial, sempre valorizei um sentimento que considero nobre: a admiração, por se tratar de um dos maiores fermentos de um relacionamento.
Para mim, são os médicos alagoanos os verdadeiros heróis da atualidade, aqueles que mesmo sentindo dor como qualquer ser humano, muitas vezes as deixam de lado, para cuidar de uma fila de pacientes trazendo outras dores.
Em tempos de pandemia, os médicos de Alagoas, não medem esforços para tratar a enfermidade que mata, curando umas, amenizando algumas e outras apenas consolando.
E você, leitor desse texto, acompanhou o sofrimento de inúmeros discípulos de Hipócrates, que em sua própria unidade hospitalar, foram infectados pelo vírus assassino.
E o mais impressionante, explicito aos olhos do mundo, é que nos próprios hospitais, por mais esforços que façam, faltam recursos, carecem leitos, equipamentos específicos para respiração e outras intervenções.
E os médicos, aqueles possuidores de poder aquisitivo razoável, alugam com seus recursos um avião UTI, e seguem para São Paulo, em busca da cura, que ele próprio tanto se esforçou para oferecer ao seu próximo mas que em seu local de trabalho, não encontraram para si próprios, nunca por incapacidade intelectual dos seus companheiros, mas sim por deficiências estruturantes. E vejamos que nessa época crítica quatro novos hospitais públicos foram inaugurados em nossa terra.
Inúmeros médicos brasileiros faleceram durante a pandemia. A grande maioria, tendo adquirindo a enfermidade no hospital onde trabalhava. É fundamental que pensemos no futuro e projetos de ampliação das unidades existentes sejam realizados, e também construídas outras para fazer frente e acompanhar o crescimento da população.
Atualmente, já bem mais maduro, cabe a mim representar o papel do ser humano e confesso, esse é um dos momentos mais difíceis da minha carreira nos palcos da vida, porque com o decorrer do tempo e a evolução do comportamento das pessoas, chego à conclusão de ser o amor, algo que deve prevalecer, inclusive nas atitudes das autoridades do momento, que carecem planejar o amanhã e não somente pensar no agora.
Está explicito serem os médicos de Alagoas, verdadeiros audazes e portanto fazem por merecer aplausos oferecidos aos grandes heróis da humanidade.
Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras
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