MEDO DE ALMAS –

Esta semana li alguém no Facebook dizendo que tinha medo de almas. Concordei. Só que as almas que me fazem medo estão vivas e, mais das vezes, usam armas. Essas realmente me metem medo, pois o nosso governo, sempre preocupado com a nossa segurança, só permitem que as almas bandidas andem armadas.

Mas, as almas dos que já foram, se foram meus amigos, seriam muito bem-vindas. Fico imaginando as  nossas conversas depois de tantos anos sem vê-las. Já pensou, reunir novamente todos esses meus amigos numa dos nossos bate-papos de todos os sábados, anos depois de nossa ultima conversa?! Quantas coisas teríamos a recordar e quantos assuntos para nos atualizarmos, especialmente com as coisas do outro lado, pois os deste eles devem acompanhar. Com muita tristeza, claro, pois todos amavam o Brasil e se preocupavam com o seu destino. E não será a distância, a ausência, que modificariam seu modo de ver e pensar o país.

Noites fico meio acordado, tentando fazê-los aparecer para uma conversa. Já fiz de tudo. Chamei de um em um, pois poderiam alguns estarem ocupados. Chamei de dois em dois, chamem todos de uma só vez, mas parece que não escutam meus pensamentos. A solução que encontro não é das melhores, pois fico falando sozinho mas, dado o nosso sempre tão estreito relacionamento passado, imaginando que resposta me dariam.

A maioria concordaria comigo, pois pensávamos muito parecido. Alvamar Furtado, por exemplo, quase concordava comigo em tudo, desde a apreciação musical aos abacaxis políticos que, já então, enfrentávamos e víamos que a tendência era piorar. Eudes Moura, ao contrário, era um eterno contestador. Mas, contestador inteligente, raro hoje em dia de tantos fanáticos, que escutava a nossa opinião até o final, mesmo não concordando com ela e expressando sua própria opinião em seguida, que também ouvíamos sem interrompê-lo. Embora discordando. O que nos levava a tomar um novo gole de whiskey, ou o que fosse, para confirmarmos nossas posições divergentes, mas tendo vivas, e cada vez mais vivas, nossas amizades.

Nesse meio, almas que fazem muita falta. Cito apenas algumas das mais constantes nesses papos, para não ser cansativo e para não tumultuar o meu quarto, se resolverem aparecer todos juntos. Ernani Soares, Araken Pinto, Odilon Garcia, Solon Galvão (Solonzinho). Vivos, graças à Deus, Cláudio Emerenciano, testemunha de tudo isso e que não me deixaria inventar. Além de visitantes menos constantes, mas participantes de vez em quando, como Gilson Ramalho. E, claro, eu mesmo, que escrevo essas lembranças e momentos inesquecíveis.

 

Dalton Mello de Andrade – Escritor, ex-secretário da Educação do RN

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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