Astrônomos dizem ter a primeira evidência de uma colisão direta entre dois planetas em um sistema estelar distante.
Eles acreditam que o evento cósmico produziu um mundo rico em ferro, com quase dez vezes a massa da Terra. Uma colisão semelhante muito mais próxima de nós teria levado à formação da Lua há 4,5 bilhões de anos.
A descoberta foi feita por astrônomos nas Ilhas Canárias ao observar um sistema a 1,6 mil anos-luz de distância. Os planetas estudados giram em torno de uma estrela parecida com o sol chamada Kepler 107 na constelação de Cygnus.
Acredita-se que um dos planetas, Kepler 107c, tenha um núcleo de ferro que compõe 70% de sua massa, com o restante consistindo possivelmente de um manto rochoso.
Outro planeta mais próximo da estrela deste sistema, Kepler 107b, é 50% maior do que a Terra, mas tem metade da densidade.
Os cientistas acreditam que o planeta rico em ferro foi formado quando colidiu frontalmente em alta velocidade com outro objeto, o que teria desprendido a parte mais leve de sua camada externa.
Eles calcularam que os planetas deveriam estar viajando a mais de 60 km/s no momento do impacto.
Zoë Leinhardt, pesquisadora da Universidade de Bristol, na Inglaterra, e coautora do estudo, explicou que foram usadas simulações de computador para testar as teorias.
“Antes, haveria dois objetos onde Kepler 107c está, e eles teriam colidido. Agora, há apenas o 107c”, disse ela à BBC News.
“Outra possibilidade é que o 107c tenha sido atingido várias vezes por objetos menores. O problema com essa teoria é: por que isso aconteceu apenas com o 107c? Seria um pouco mais fácil de entender se fosse um evento único, mas isso não significa que tenha sido apenas um evento.”
Chris Watson, da Queen’s University, na Irlanda do Norte, liderou a pesquisa e disse que este sistema planetário “teria sido um lugar violento”.
Agora, estamos vendo o que restou desta colisão em alta velocidade entre dois objetos, afirmou.
“Encontramos dois planetas em uma órbita muito semelhante, em torno da mesma estrela, mas com densidades muito diferentes”, disse à BBC News.
“Um é rochoso, e o outro é feito de um material muito mais denso, provavelmente de ferro. A única maneira de realmente explicar isso seria que, em um deles, uma superfície rochosa tenha sido removida por uma colisão conjunta.”
Outra teoria – de que a radiação da estrela-mãe teria sugado o gás do que seriam planetas do tamanho de Netuno – foi descartada. Este processo teria feito com que o 107b fosse mais denso que o 107c e não o contrário.
A pesquisa publicada na revista Nature Astronomy levanta novas questões sobre como sistemas planetários se formam e evoluem em partes distantes do Universo.
Leinhardt explicou que os planetas em questão provavelmente se formaram em um ponto mais distante da estrela e então migraram, enquanto a gravidade da estrela-mãe sugava material gasoso, um processo conhecido como acreção.
“À medida que a acreção ocorria, os planetas estavam sendo torcidos, arrastados e interagiam com aquele disco de gás – e também se moviam. Enquanto se moviam, chegavam o mais próximo possível um do outro”, explicou.
Pode ter sido durante esta fase que o impacto ocorreu: “Talvez, conforme esta migração ativa ocorria e matéria estivesse se acumulando na estrela central, isso tenha causado uma instabilidade em algum lugar – e gerado um abalo”, disse Leinhardt.
Fonte: BBC
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