MEIA-IDADE –
Estou eu zapeando pelos diversos canais à procura de um filme legal, quando numa pequena sinopse algo me chama atenção: “uma mulher de meia-idade”… Meia-idade? Que idade é essa? Digito rapidamente no Google, o nosso dicionário-atlas-enciclopédia-shopping-detetive atual. Assim, segundo minha pesquisa, a juventude termina aos 35 e a terceira idade inicia aos 58 (não era aos 60 ou 65?). Enfim, estes 23 anos de limbo entre a juventude e a terceira idade são chamados de meia-idade. Nem cá nem lá. Meia!
Faço os cálculos e percebo estar no meio da meia-idade…
Meia-idade? Que raios isso significa? Começo a procurar em minha mente informações sobre isso. Lembro, então, das “crises de meia-idade” que ouvia serem culpadas por diversos fins de casamentos de amigos de meus pais.
– Ah! Ele está tendo uma crise de meia-idade! Enlouqueceu completamente. Quer fazer tudo que não havia feito na juventude…
A gente aceita, socialmente, que determinadas coisas possam ser feitas nesta ou naquela idade. Alguns erros são acolhidos como “normais”, apesar de não concordarmos com eles, aos 15 ou 20 anos. Talvez até aos 40, apesar de para esta faixa etária eu não encontrar exemplos sobre isso… Passando disso consideramos loucura, desrespeito, insanidade, irresponsabilidade, imaturidade…
Será por isso que vejo mais e mais jovens surtando ao completarem 30 anos? Sentindo-se pressionados a viver “corretamente”, caso contrário terão seus erros rotulados por “crise de meia-idade”? Correndo atrás de um casamento, do primeiro filho, da compra da casa própria, mesmo que, no fundo não estejam preparados para isto ou aquilo? Porque este tipo de coisa não tem relação com a idade, mas com nossa história de vida… Tão difícil de aceitar isso…
Um tempo atrás, conversava com uma amiga querida e ela me contava que seu esposo sofreu ao chegar aos 30!
Um amigo nosso de faculdade pirou ao chegar aos 25:
– Um quarto de século, Babinha! Um quarto de século!
Ele repetia sem parar… Como se, por um passe de mágica, ao completarmos 25, 30, 40, 60, 72, tudo mudasse. Tornaríamos mais maduros, responsáveis, sérios, coerentes…
Que loucura!
Não! Não entrei na crise da meia-idade. Até porque estaria bem atrasada para isto, vejo com reflexão.
Basta-me neste momento a crise pandêmica, quando a cada dia questiono-me se posso (porque devo!) ser melhor do que fui ontem. Porque, cá entre nós, se a gente não crescer agora com toda a loucura que o mundo está vivendo, mais nunca conseguiremos mudar… Independente de sermos jovens, de meia-idade ou já vivenciando a terceira…
Fato!
Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista, Professora universitária e Escritora
Confesso que toda semana aguardo ansiosa pelo artigo de Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista, Professora universitária e Escritora. Gosto do seu estilo, de como descreve o cotidiano, trazendo reflexões acerca de temas corriqueiramente simples, no entanto, nos traz excelentes reflexões. Parabéns! Ah, também tenho tentado entender o termo “meia idade” como uma pré cinquentona.