MEMÓRIA NÃO SE COMPRA EM BOTEQUIM –
Hoje, dia 27 de maio de 2022, faz um biênio do rito de passagem do potiguar Murilo Melo Filho, Membro Honorário da Academia de Letras de Brasília.
Encontramo-nos na Itália, como poderíamos estar no Brasil, em Brasília, em Natal, porquanto a memória é universal e não ocupa espaço físico.
Naquele dia, dia 27 de maio de 2020, assim registramos:
“Hoje, dia 27 de maio de 2020, a Capital da Esperança entardeceu triste com a notícia de falecimento de um extraordinário pioneiro, ícone do jornalismo brasileiro, um potiguar companheiro de Câmara Cascudo, de Juscelino Kubitschek de Oliveira, de Arnaldo Niskier, de Darci Ribeiro, de Adolpho Bloch, de Affonso Heliodoro dos Santos, de Adirson de Vasconcelos, fraterno amigo de uma falange imensa de sonhadores, que vieram edificar a Nova Capital da nação, meio à hinterlândia deste continente, chamado Brasil.
Murilo Melo Filho é um cidadão dos primórdios de um novo processo civilizatório no interior do país, sonho premonitório de Dom Giovani Bosco, o maior educador do século XIX, que anteviu na noite consagrada à Santa Rosa de Lima, no dia 30 de agosto de 1833, o nascimento de uma cidade, entre os paralelos de graus 15 e 20, hoje Brasília, local onde, conforme a visão, surgiria, assim: “Quando se vierem cavar as minas escondidas em meio a estes montes, aparecerá aqui a terra prometida, que jorra leite e mel. Será uma riqueza inconcebível.”
Esta premonição do santo foi registrada na Assembleia Geral da Congregação Salesiana, em Turim, na Itália, às fls. 385 à 394, volume XVI, do Memoire Biografiche, pelo Padre Lemoyne, que submeteu ao exame de Dom Bosco, que prenotou à margem, de próprio punho, conforme publicação da Societa Editrice Internazionale.
Murilo Melo Filho, católico fervoroso, sempre reverberou este acontecimento cósmico, destinando à Nova Capital um amor imorredouro, razão pela qual a Academia de Letras de Brasília destinou-lhe a condição de ser o seu primeiro Membro Honorário, galardão honorífico, secundado pelos escritores Vamireh Chacon, João Malaca Casteleiro, Arnaldo Niskier, Adriano Moreira, Artur Anselmo, Deonísio da Silva, Carlos Nejar e Derek Walcott (Prêmio Nobel de Literatura).
Um primus inter pares, no dizer latino!
O jornalismo brasileiro e brasiliense tem um invejável parâmetro educacional, vez que Murilo Melo Filho foi o primeiro professor da Universidade de Brasília (UnB), a ministrar magistrais ensinamentos no Curso de Técnica Jornalística, honrando os albores universitários da nascente Capital.
Verdadeiro privilégio institucional, época em que a Revista Manchete, da Bloch Editores representou uma nova e inigualável projeção jornalística do país, sob a batuta do saudoso Adolpho Bloch.
José Carlos Gentilli – Escritor, membro da Academia de Ciências de Lisboa e Presidente Perpétuo da Academia de Letras de Brasília
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