MENINOS PELADEIROS –
Alguns temas me atraem, me atiçam e mexem com meus neurônios. São convidativos e envolventes: a música, o futebol e a medicina, são meus temas preferidos; os meus fortes pilares de inspiração e motivação para escrever.
Chega a ser sem graça, inoportuno, nostálgico, quando enaltecemos e hipervalorizamos o tempo que passou e seus acontecimentos. Como se o passado fosse nossa caixinha de joias, de relíquias.
A nostalgia, faz parte do nosso ego e infla com o avançar da idade.
O tempo passa e as coisas mudam com o seu passar. O que era bonito, bom e elogiável ontem, hoje, nada mais se comenta, nem mais é lembrado. Cai profundamente na vala do esquecimento, para nunca mais vir à tona.
Por isso, é que a vida torna-se tão cheia de nuances, o que bem lhe confere e lhe assegura essa beleza infinita, indescritível e mágica.
Éramos crianças soltas, libertas, felizes e imunes.
A maldade já existia, porém com ingrediente forte de inocência. Convivia-se com ela sem maiores medos, desastres e desesperos. A inocência sempre presente e tímida, ligada àqueles que cultivavam o bem e desprezava a mal.
Éramos crianças educadas e bem educadas, frutos dos bons ensinamentos recebidos nos singelos Grupos Escolares da Rede Pública do nosso, sofrido, pobre e esquecido Estado.
A nossa diversão maior era o futebol,- as “peladas”, praticadas com bolas de pano nos campos improvisados nas largas ruas dos bairros de Tirol e Petrópolis.
Os tempos modernos aterraram todas os nossas arenas públicas e desfizeram todos os nossos ricos sonhos de pobres meninos peladeiros.
Berilo de Castro – Médico e Escritor