A busca pelo lucro fácil tem desviado muita gente de boas oportunidades. Em qualquer cultura, em qualquer lugar, em qualquer sítio humano que se tenha conhecimento é comum a procura pelo encurtamento do caminho que leva ao lucro, à vantagem imediata. E isso acontece em todos os campos da atividade do “homo sapiens”. Não ficam livres dessa praga os ambientes mais carentes aos mais refinados, nem mesmo os polos onde impera o conhecimento científico, cultural, tecnológico. A Ciência costuma jogar na vala comum da “natureza humana” esse pendor incontrolável para a transgressão, enquanto a cultura bíblica explica essa inclinação predadora do homem como consequência do pecado (de desobediência) de Adão no Jardim do Éden. De um modo ou de outro, a conclusão é uma só: o homem de todos os quadrantes se aproveita dos momentos mais fugazes para levar vantagem.
Esse arrazoado acima se justifica em razão da recente informação, divulgada pela grande imprensa, de que a Telexfree finalmente deu com “os burros n’água” em território americano. Segundo a notícia, foram indiciados, por fraude e conspiração, os dois fundadores da empresa – por sinal, um deles brasileiro – com bloqueio de bens, incluindo casas e barcos. O crime? Transferência de 10 milhões de dólares de fundos pertencentes à Telexfree para contas pessoais dos dois diretores. Já pensou? No Brasil, recentemente, a empresa levou ao prejuízo e ao desespero milhares e milhares de pequenos e médios investidores – todos, sem exceção, à cata da vantagem rápida. E o que se vê é que o tempo passa, a roda gira, e sempre aparece alguém vendendo a ideia do lucro fácil, se utilizando do marketing de rede como elemento de montagem de pirâmide financeira – para alcance de objetivos imediatos.
Não é preciso ser expert no assunto para entender que não existe almoço grátis. E que, no campo da ilegalidade, ganho e distribuição de lucro – sem trabalho, sem produção de bens e serviços – só traz tropeço. Todo lucro é suado. E obtido com enorme sacrifício, principalmente no Brasil onde a carga tributária arranca quase 50% do lucro em qualquer atividade empresarial. Assim, apesar dos inúmeros casos de enrolação de grandes contingentes de pequenos e médios investidores por sabichões do lucro fácil, muitos embarcam nessas aventuras em busca de melhoria da renda doméstica, no caso dos pequenos, e na engorda rápida de patrimônio, através de “negócios milagrosos”, caso dos investidores de maior porte. A essa altura, cabe a pergunta: e há saída para maximizar investimentos no Brasil diante da remuneração insignificante dos bancos e do retorno minúsculo da caderneta de poupança?
É claro que nenhum investimento legal pode competir com a rapidez e a voracidade das pirâmides, dos paraísos financeiros. Mas, analisando com lucidez e espírito profissional, e contando com a orientação de entidades sérias como o SEBRAE, o BNB, o Banco do Brasil, o investidor poderá auscultar a realidade do mercado para apostar suas fichas em empresas necessitadas de capital para expandir negócios, gerar mais empregos, mais impostos, distribuir lucros honestos, e contribuir ainda mais para o progresso da região e do país. Em outros países, quem produz é respeitado e admirado. No Brasil, a ideologia da moda enxerga o empreendedor apenas como interessado no lucro a qualquer preço – e, pior, à custa da exploração do trabalhador. Balela ideológica. A empresa precisa de capital; o trabalhador do emprego; e o investidor de retorno para seu dinheiro. Simples assim.
Públio José – jornalista (publiojose@gmail.com)
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