A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) aponta para o risco de novos desequilíbrios do mercado do petróleo em 2016. Com o barril da commodity cotado a cerca de US$ 50, “a grande questão é exatamente quando o equilíbrio será restaurado”, adverte o editorial do último relatório mensal do petróleo, divulgado na semana passada.
A demanda cresceu neste ano apoiada na oferta satisfatória e nos preços (baixos para o padrão histórico). Os maiores consumidores – Estados Unidos e China – estão comprando mais petróleo, mas há dúvidas se essa situação continuará em 2016. Até agora, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) conseguiu manter a oferta elevada, independentemente dos preços baixos. O objetivo foi afastar do mercado competidores como os americanos, que extraem gás de folhelho, de produção mais cara. Entre os grandes produtores, o Irã aumentará a oferta em meio milhão de barris/dia (b/d), mas o Iraque poderá enfrentar problemas, após um 2015 favorável.
A maior incerteza em 2016 vem do ritmo da economia global: as projeções do Fundo Monetário Internacional apontam para uma queda do crescimento de 0,2 ponto porcentual, dos 3,8% esperados em julho para 3,6%. Com isso, o aumento esperado da demanda de óleo caiu de 1,4 milhão para 1,2 milhão de b/d.
No Brasil, a demanda estagnou, mas a produção cresceu. Em agosto, pela primeira vez, superou os 2,5 milhões de b/d de óleo ou equivalente. Mas é desfavorável o ambiente para investir: grandes petroleiras internacionais não participaram da 13.ª rodada de áreas da Agência Nacional do Petróleo (ANP), cujos resultados foram insatisfatórios. Estudo do Grupo de Economia de Energia da UFRJ, divulgado pelo Estado sábado, mostrou os efeitos da queda de preços do óleo sobre o PIB.
Financeiramente enfraquecida, a Petrobrás, peça central do escândalo do petrolão e do mercado brasileiro de derivados, não pode transferir para os consumidores de gasolina, diesel e GLP os benefícios da queda das cotações da commodity. Teria, antes, de repor as defasagens de receita acumuladas nos últimos anos pela venda de derivados abaixo do custo de importação. Na semana passada, não conseguiu colocar uma emissão de debêntures de R$ 3 bilhões. Na melhor das hipóteses, as incertezas do mercado do óleo ajudarão a recuperar o setor de álcool do País, que se tornou mais competitivo.
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