MEU PRIMEIRO CARRO –
Em 1987 foi lançado um comercial da Valisère que marcou uma época. Tratava-se, em resumo, de uma adolescente num vestiário feminino observando que ali somente ela não usava sutiã. Ao chegar em casa, emburrada, encontrou sobre a sua cama uma embalagem de presente contendo a dita peça.
O olhar de surpresa e de felicidade da jovem, ao observar o corpete, é fenomenal. Enquanto isso, na telinha surgia o resultado da genialidade de Washington Olivetto contido na seguinte frase: O primeiro sutiã a gente nunca esquece.
Do primeiro carro, também, ninguém nunca esquece. Principalmente, se esse carro foi um fusca. Pois bem, o meu primeiro carro foi, sim, um fusca 1961, na cor vinho, de segunda-mão, porém, na minha concepção, empolgação e gratidão, estava nele representado um sedan Volkswagen, 0 km, novinho em folha.
Eu havia passado no vestibular para Engenharia Civil, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, quando ganhei de presente paterno o tal fusca. O maior desejo do meu pai, sócio de uma construtora de obras rodoviárias, era graduar um filho em engenharia. Talvez, para materializar o seu próprio sonho de ser engenheiro civil, possibilidade essa inexistente para quem cursara apenas o ginasial.
Depois do primeiro, outros carros vieram, os quais não sei precisar quantos foram nem as suas respectivas marcas. Porém o de cor de vinho, sem qualquer dúvida, foi o mais importante deles. Ele foi o companheiro presente nas necessidades e cúmplice silente nas peripécias de um jovem universitário, em Natal, na década de 60.
O automóvel sedan chamado Fusca, no Brasil – apelidado Carocha, em Portugal -, foi o modelo de veículo recorde de vendas em todo mundo, em todos os tempos, contabilizando ao longo de 65 anos de produção um total de 21.529.464 unidades comercializadas. Algo inimaginável na atualidade.
Lembro bem de algumas características técnicas do meu fusquinha: 2 portas, 4 cilindros, 4 marchas à frente e uma à ré, motor e tração traseiros, e refrigeração a ar. Era um carro popular, feito para o povo, para a família, comportava quatro pessoas adultas ou um casal e três filhos menores.
Rezava o manual que ele alcançava 100km/h, porém, o máximo a que cheguei foram 80 quilômetros, testando a velocidade do carro na estrada para Pirangi – praia do litoral Sul de Natal. Um recorde para mim. O bom do fusca, entre tantas outras vantagens, consistia na economia de combustível: 13km/litro.
No meu fusca eu acomodava até cinco colegas não gordos e, com certo desconforto, seis garotas. Isso sacrificando o coitado do carro, que reclamava do excesso de lotação quando da tentativa de subir aclives acentuados, como a ladeira da Rádio Poti, na Avenida Deodoro ou a ladeira do Baldo, na Avenida Rio Branco, ambas em Natal.
Naquele fusca, eu e alguns colegas de faculdade, fizemos farras homéricas: umas citáveis outras impublicáveis. Nele, fiz pequenas viagens com meus familiares ao interior do Estado; aos recantos onde nasceram nossos pai e mãe, no sertão paraibano; e, até me aventurei a ir, sozinho, à “distante” Recife.
Não sei se aquele carro ainda existe ou se ele trafega por aqui ou alhures. Sei, que durante quatro anos ele me conduziu, diariamente, sem causar maiores problemas mecânicos. Dentro dele eu vivi inúmeras emoções, ao ponto de poder afiançar, com a maior das convicções, que o meu fusca, cor de vinho, ano 1961, ter sido o carro que eu nunca esqueci.
José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro e Escritor
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