MEUS AMIGOS, MINHAS AMIGAS – Alberto da Hora

MEUS AMIGOS, MINHAS AMIGAS –

Emociona-me a fidelidade dos meus amigos para comigo. Esqueço de dar-lhes atenção, de visitá-los, de escrever-lhes, telefonar-lhes. No entanto, quando nos encontramos demonstram alegria e carinho por mim.  Por isso, eu amo a todos, alegro-me com todos e a eles sou também fiel.

Da infância, lembro de quatro amigos mais próximos. Com os irmãos Zeca e Carlinhos eu dividia brincadeiras mais culturais. Ambos exibiam um comportamento intelectual e nos lideravam na consulta e leitura de livros, revistas e outras publicações. Outro amigo, Evilázio, era brincalhão e não se preocupava com muita coisa que não fosse as suas peripécias. Seu prazer era pregar peças nos amigos e até em outras pessoas. Vez por outra, armava em frente à sua casa um incômodo quebra-canela – um buraco disfarçado por uma precária cobertura – em que algum passante, com o risco de se machucar, poderia enfiar o pé e provocar nossas risadas.

O irmão de Evilázio tinha personalidade diferente. Milson sofria de asma e as crises a que vivia sujeito nos recomendavam calma e paciência com o seu jeito nervoso e irritadiço. Era um acumulador, pouco ou nunca utilizava os presentes que recebia, na intenção de preservá-los. Possuía um estoque dos fogos juninos que todos os anos os pais compravam para nossa diversão. Morreu ainda garoto, nos deixando tristes com a sua partida precoce e bastante sentida pela família e pelos amigos.

Nas Rocas, na Vila Ferroviária, eu tinha boas amizades, frutos da nossa facilidade de comunicação e do respeito que, pela influência paterna, aprendemos a devotar às pessoas. O melhor de todos era, sem dúvida, Ailton, da mesma idade, e que, solidária e prazerosamente, dividia comigo as horas de ócio ou lazer próprias da adolescência. Uma amizade interrompida quando, juntamente com outros jovens moradores da Vila, ele foi inscrito na Escola de Aprendizes Marinheiros, para onde eu mesmo, apesar de ter feito os testes, não conseguira aprovação. Lamentamos a separação, que só foi superada muito tempo depois, quando nos revemos, ele como sargento – ou tenente – da Marinha e eu como empregado da Caixa Econômica Federal. Em verdade, o melhor e mais próximo amigo que eu tive foi, sem dúvida, meu irmão Humberto, quase dois anos mais velho e parceiro em praticamente todas as atividades domésticas e sociais de que desfrutamos e fizemos parte.

Um grande amigo da minha fase de adulto foi, inegavelmente, Bernardo Gama, generoso e solidário, pai e irmão dos seus amigos. Vivemos com prazer e responsabilidade lutas estudantis na União Potiguar dos Estudantes de Comércio e trabalhamos juntos na Rádio Cabugi. Anos depois, compartilhamos as dificuldades da sua primeira e vitoriosa campanha para vereador.

Foi advogado criminalista até sua morte, ocorrida após completar 71 anos de idade.

Entre as mulheres, fiz muitas amizades com as colegas de escola. No Ginásio e na Faculdade pude desfrutar do companheirismo de sensíveis e inteligentes meninas que sempre me honraram com o seu carinho e atenções só devidas e dispensadas aos grandes amigos. Na Caixa, porém, está o maior número das mulheres com quem tive o enorme prazer de conviver e partilhar admiração e respeito, vigentes até os dias de hoje, mesmo quando os encontros e as reuniões ficaram escassos. Pena que é difícil nomeá-las e enumerá-las, tal a quantidade de amigas que angariei, a partir das nossas obrigações profissionais.  A mesma dificuldade eu tenho quando se refere aos amigos homens. Do ambiente de trabalho, das diversões, das atividades esportivas e culturais, tenho muita saudade e carinho, orgulhoso da quantidade e do caráter daqueles que, ainda hoje, eu posso chamar de meus amigos e minhas amigas.

 

 

 

 

Alberto da Hora – escritor, cordelista, músico, cantor e regente de corais

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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