Países latinos e da África recorreram ao Brasil para entender como o país tem conduzido o desligamento do sinal analógico de TV e a adoção da TV digital. A migração, que já ocorreu em quatro capitais e chegará a Salvador e Fortaleza em setembro, é usada como modelo por esses países que se preparam para conduzir processos similares em seus territórios.
Vindas de Costa Rica, Chile, Equador e Botsuana, delegações formadas por funcionários públicos e executivos de emissoras de TV visitaram Brasília em busca de informações.
Todos os inscritos no Cadastro Único, que reúne os registrados em programas como Bolsa Família, têm direito a receber conversores gratuitamente.
Segundo Zambelli, estrangeiros perguntam sobre “modelo de negócios, logística de distribuição e especificação técnica dos conversores”, dada a dimensão territorial e diversidade econômica e social.
Grandes também são os números registrados. A empresa responsável pela migração, a Seja Digital, já distribuiu 2,9 milhões desses aparelhos em mais de 90 cidades.
Até o fim do ano, mais 4,3 milhões serão entregues em mais de 260 municípios que terão o sinal analógico desligado como:
- Fortaleza, Sobral e Juazeiro do Norte (CE)
- Salvador
- Rio de Janeiro
- Vitória
- Belo Horizonte
- Campinas, Franca, Ribeiro Preto, Santos e São José dos Campos (SP)
O Brasil atrai a atenção desses países porque é a maior dentre os 18 que adotaram o padrão sistema nipo-brasileiro de TV digital. As transmissões com sinal digital no Brasil começaram em 2007 e o desligamento ocorreu em quatro capitais (Brasília, São Paulo, Goiânia e Recife).
A Costa Rica iniciou suas transmissões digitais de TV em 2010 e planeja desligar em dezembro deste ano o sinal analógico da região do Vale Central, que abriga a capital San José e é a mais densamente povoada do país.
O brasileiro Antonio Alexandre Garcia, presidente da TV Plus e diretor da câmara de radiodifusão, faz parte da comissão de implantação da TV digital no país. Ele conta que o Brasil foi modelo para algumas ações.
“A gente está fazendo campanhas”, afirma Garcia. A iniciativa é para que os telespectadores aprendam a instalar o sistema. “É muito difícil aqui na Costa Rica que instaladores visitem a casa de tanta gente em tão pouco tempo.”
Como ocorre no Brasil, a Costa Rica distribuirá conversores. Mas para 15 mil famílias. Outra prática importada é o modelo de antena. Em vez de receptores internos, optou-se pelo modelo espinha da peixe, que fica na área externa. A comissão costa-riquenha decide neste mês se desliga o sinal analógico.
A busca por informações ocorre desde 2016. A última comissão internacional a visitar o Brasil foi a de Botsuana, único país africano a aderir o padrão nipo-brasileiro. A reunião ocorreu em junho e contou com a presença de Eric Morales, ministro de Assuntos Presidenciais, Governança e Administração Pública.
Com o sinal digital, imagem e som têm maior qualidade. Diferentemente do analógico, não sofre interferências, o que faz as imagens chegarem ao televisor sem chuviscos e “fantasmas”.
Após o desligamento, as frequências usadas hoje para transmitir o sinal analógico serão usadas para a banda larga 4G.
No fim de julho, a Agência Nacional das Telecomunicações (Anatel) informou que já é possível levar banda larga móvel pela faixa de 700 MHz a 2.023 cidades brasileiras.
Fonte: G1