MILEI ARRUMA A CASA PARA ATRAIR INVESTIDORES –
Já se foram seis meses desde que Milei, anarco-capitalista, assumiu a presidência da Argentina. Ganhou com a promessa de utilizar um motosserra para desmontar a “corrupção” no estado argentino, prometeu trocar o peso pelo dólar e anunciou que se afastaria de uma China governada por “assassinos” e um Brasil governado pelo “corrupto” e “comunista” Lula.
Não fez nada disso.
A medida certa que tomou foi desvalorizar o peso, implementar um aperto fiscal e limpar o balanço do banco central.
Confiou na aprovação de cortes de gastos por decreto presidencial, conseguiu que a câmara baixa do Congresso apoiasse um pacote de aperto fiscal. Mas enfrenta oposição no Senado, e ele ainda não conseguiu um plano para criar impulso político, conseguindo que os sempre problemáticos governadores provinciais aderissem as suas metas.
Milei ainda está em dificuldades com o peso. O FMI está bastante entusiasmado com ele e continua a desembolsar dinheiro de um programa de empréstimos existente. É pouco pouco provável que queira alargar a sua exposição com novos empréstimos até que consiga ver um caminho para algum tipo de normalidade da política monetária.
A Argentina registrou superávits fiscais e financeiros primários em abril
O excedente fiscal primário situou-se em 264,9 mil milhões de pesos (299,0 milhões de dólares) em abril, abaixo dos 625,0 mil milhões de pesos registados em março, marcando o quarto mês consecutivo em território positivo após anos de défices regulares.
O governo do Presidente Milei, também alcançou um excedente fiscal primário no primeiro trimestre de 275 mil milhões de pesos, o primeiro do género em 16 anos.
Mesmo com esses avanços, a taxa de inflação está vez maior, atualmente em quase 290%.
Milei tem viajado muito desde que assumiu o cargo em dezembro, cortejando os holofotes globais por meio de amizades com figuras de direita como o presidente-executivo da Tesla, Elon Musk, conheceu na fábrica da montadora em Austin em abril. Ambos proferiram discursos inflamados, defendendo o mercado livre.
Até o final de junho, ele terá completado oito viagens ao exterior – um recorde para presidentes argentinos nos primeiros seis meses de mandato, segundo o jornal La Nación. Nenhuma vez esteve na América do Sul.
Essa última viagem de Milei ao exterior acontece em um momento de turbulência em casa. Na segunda-feira, o gabinete do presidente anunciou a renúncia do chefe de gabinete Nicolás Posse, um de seus conselheiros mais próximos, após atrasos na agenda legislativa do governo no Congresso.
Certamente, a evolução da crise fará com que Milei desista da viagem e retorne à Argentina.
A intenção de Milei é “arrumar a casa”, após o desastre do governo anterior, implantar reformas liberais ortodoxas e atrair capitais estrangeiros para transformar o país num polo tecnológico de inovação, na América do Sul.
Ney Lopes – jornalista, advogado e ex-deputado federal