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Militares dão golpe de Estado no Sudão e prendem premiê interino do país

População ergue bandeiras do Sudão ao lado de um bloqueio com tijolos durante uma manifestação na capital Cartum, em 25 de outubro de 2021, contra o golpe militar — Foto: AFP

Militares prenderam o primeiro-ministro interino do Sudão, Abdallah Hamdok, e outras autoridades, cortaram o acesso à internet e bloquearam pontes na capital Cartum, anunciou o Ministério da Informação do país nesta segunda-feira (25), descrevendo as ações como um golpe de Estado.

Abdel Fattah al-Burhan, general que chefiava o Conselho Soberano, anunciou estado de emergência em todo o país e dissolveu o próprio conselho e o governo de transição (comandado por Hamdok).

O conselho foi criado após a saída do ditador Omar al-Bashir, que governou por três décadas e foi derrubado por protestos há dois anos, e era formado por civis e militares que frequentemente discordavam sobre o futuro do país e o ritmo da transição para a democracia.

Em resposta, milhares de pessoas saíram às ruas de Cartum e Omdurman para protestar contra o golpe militar. Manifestantes bloquearam vias e incendiaram pneus enquanto forças de segurança usam gás lacrimogêneo para dispersá-los.

A TV Al-Arabiya diz que várias pessoas ficaram feridas após manifestantes e soldados entrarem em confronto perto de quartéis na capital. Um comitê de médicos local afirma que ao menos 12 pessoas ficaram feridas em confrontos.

Transição interrompida e reação internacional

O local para onde Hamdok foi levado não foi informado, e ministros e membros do Conselho Soberano também foram detidos. O governo já havia sofrido por uma tentativa de golpe em 21 de setembro.

A tomada de poder pelos militares é um grande revés para o Sudão, que passava por uma transição para a democracia desde a saída do ditador Omar al-Bashir, que governou entre 1989 e 2019.

O presidente da União Africana pediu em um comunicado que os líderes políticos do Sudão sejam soltos. A ONU, os Estados Unidos e a União Europeia expressaram preocupação com os acontecimentos desta segunda.

Jeffrey Feltman, o enviado especial dos EUA para a região, disse que o governo americano está “profundamente alarmado” com a notícia. Feltman havia se reunido com autoridades sudanesas no fim de semana para tentar resolver a crescente disputa política entre líderes civis e militares.

O chefe de relações exteriores da União Europeia, Joseph Borrell, afirmou que está acompanhando os eventos no Sudão com “a maior preocupação”. Volker Perthes, representante da ONU, afirmou que a entidade está “profundamente preocupada com relatos de um golpe em curso no Sudão”.

Aeroporto fechado e TV invadida

O aeroporto de Cartum foi fechado e os voos foram suspensos, segundo a TV Al-Arabiya. A internet na capital do Sudão foi cortada.

O Ministério da Informação afirmou que militares invadiram a sede de uma televisão na cidade de Omdurman, na região metropolitana de Cartum, e prenderam os funcionários da emissora.

A Associação de Profissionais do Sudão (SPA), principal grupo dos protestos contra o ditador Omar al-Bashir, convocou greve geral e desobediência civil contra o golpe militar.

O Sudão

O Sudão é o terceiro maior país da África, depois da Argélia e da República Democrática do Congo, e tem cerca de 42 milhões de habitantes (uma população similar à da Argentina). Sua capital é Cartum, e a religião predominante é o Islã.

É na capital Cartum que os rios Nilo Branco e Nilo Azul se encontram e formam o rio Nilo, que continua seu curso pelo Egito até desaguar no Mar Mediterrâneo.

O país fica entre a África Subsaariana e o Oriente Médio, faz fronteira com sete países (Egito, Líbia, Chade, República Centro-Africana, Sudão do Sul, Etiópia e Eritreia) e tem saída para o Mar Vermelho.

O seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,510, um dos mais baixos do mundo, e seu PIB (Produto Interno Bruto) é de US$ 32 bilhões. A expectativa de vida dos sudaneses é de 65 anos, e quase um quinto da população vive abaixo da linha da pobreza.

Até 2011, o Sudão era o maior país da África e do mundo árabe, mas o Sudão do Sul se separou e se tornou independente após um referendo.

Fonte: G1

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