MILTON –

Aprendi que furacões, tornados e tufões são todos da família dos ciclones, diferenciados pela velocidade que atingem em seus deslocamentos. Daí a catalogação por categoria e intensidade na escala Saffir-Simpson. Um furacão na categoria 6 possui um poder de destruição devastador.

Dizem que a escolha de nomes femininos para os furacões teve origem no exército norte-americano, que durante a Segunda Guerra Mundial batizavam as tempestades tropicais com nomes de mulheres, para homenagear mães, esposas e namoradas. O Katrina foi o mais violento dos furacões, alcançando a categoria 5 ao se deslocar no Oceano Atlântico; e, em terra firme, a categoria 3 na mesma escala.

Em 1979, mulheres não satisfeitas em ter os nomes associados a tais efeitos climáticos assoladores recorreram a Organização Meteorológica Mundial, que passou a intercalar nomes masculinos numa sequência preestabelecida para futuros ciclones. Assim, após o Milton, os próximos ciclones serão chamados Nadine, Oscar, Patty, Rafael, Sara, Tony, Valerie e William. Isso eu também aprendi e repasso aqui.

Tenho batido na tese, comprovada cientificamente, de sermos os responsáveis pelas calamidades vistas no nosso planeta na atualidade. A ciência afirma que a maior transformação ocorrida na Terra foi o impacto causado por um asteroide gigante, resultando no desaparecimento dos dinossauros e outras espécies vivas, há cerca de 66 milhões de anos.

Agora, será a nossa insensibilidade que acabará com a vida no planeta onde habitamos, minúsculo ponto azul integrante da constelação Via Láctea. Alertas não faltam para ouvidos moucos. A Terra se mostra incapacitada de reagir a tanta agressão. Somos milhões de almas insensíveis depauperando o nosso único domicílio.

Ver o Rio Negro reduzido a poucos centímetros d’água é cruel; observar o deserto do Saara se transformando num oásis é inimaginável; biomas brasileiros sendo extintos pelas queimadas, eliminando as poucas espécies da vida selvagem é real; constatar a fuga de orcas do Ártico e de pinguins da Antártida por causa do desaparecimento das geleiras pelo aquecimento global, são cenas chocantes.

O petróleo – o ouro negro para alguns países – e demais combustíveis fósseis são os maiores vilões a serem combatidos. A Inglaterra, país pioneiro na Revolução Industrial, que teve início na segunda metade do século XVIII, encerrou a última central elétrica a carvão, neste 2024. Extraordinário exemplo a ser seguido por China e Estados Unidos, onde fala mais alto o poder econômico.

Enquanto isso o Brasil se ufana de abrir poços de petróleo na bacia Amazônica, em vez de fomentar a instalação de fontes limpas de energia como a eólica e solar. Para tanto faz-se necessário a cobrança da população esclarecida e consciente dos malefícios perpetrados ao meio-ambiente.

Em 1833, o beato Antônio Conselheiro, fundador do Arraial dos Canudos, profetizou que “o sertão viraria mar”. Não augurando os desastres climáticos que vemos agora, mas ante a possibilidade da criação de açudes, barragens e represas para alavancar o progresso no semiárido do país.

O problema é que o tempo para tais providências já alcançou o ponto crítico. Postergar as soluções para sanar os malefícios causados ao planeta é temerário. Fazer o quê? “Ficar sentado no trono de um apartamento, com a boca escancarada, esperando a morte chegar”, como insinuou Raul Seixas, na música “Ouro de Tolo”?

Agora, o futuro depende de nós, pobres e incompetentes mortais.

 

 

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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