MINHA INFÂNCIA QUERIDA –
Oh! Que saudade que tenho/Da aurora da minha vida/Da minha infância querida/Que os anos não trazem mais (Cassi miro de Abreu)
Sinto saudade da minha infância querida, como era bela. Da escolinha de Dona Maria Dourado, minha professorinha querida, dos colegas Marcos e Helio Dourado, Ivoncisio Medeiros, Alberto e Roberto Lima, da minha primeira namoradinha, como era bela minha escolinha. Ah! Sinto saudades sim, das peladas na casa de Dante de Melo Lima, minha querida tia Hildinha brigando com a gente quando a bola caía na casa dos vizinhos, de seu Orlando Gadelha reclamado do barulho.
Ah! Sinto saudades, das reuniões debaixo do poste em frente à casa do Doutor Eider Furtado, das peladas com bola de meia em cima das calçadas. Das peladas no campo no terreno da casa do Doutor Roberto Freire, dos filhos Rogério, Ricardo, Cláudio, Sérgio, Paulo, Evandro e da bela filha Ivone Freire.
Ah! Sinto saudades sim, da casa de Seu Valdir Vilar, com as peladas no quintal de um grande terreno, que era do “Tio Padre” Monsenhor Alair Vilar, sinto saudades de Pintindo e Dona Goia (Aldemir e Aldacir Vilar). O tempo não perdoa, e quase tudo vai ficando na lembrança.
Ah! Sinto saudades, dos banhos e peladas (eu era peladeiro) nas Praias do Meio e do Forte, dos pulos no Trampolim de Areia Preta e as garotas aplaudindo, éramos felizes com pouca coisa, com pouca coisa, um campinho de madeira para jogar botão, e vez por outra se ouvia um grito. Goooool de Vavá, Uma latinha de Leite Ninho, passamos por dentro dela um cordão e estava feito o nosso carrinho para brincar. Chupar Poli (picolé), pirulito feito em casa que os vendedores vendiam em uma tábua furada, brincadeiras de tica, pega bandeira, to colado e esconde esconde.
Como era bela a minha infância, passeios aos domingos nos carros de alugueis da Praça da Rio Branco, lembro bem o carro de Manoel Henrique, um mercury, fabricação americana, lindo verde claro e verde escuro.
Sinto saudades sim, do velho engenho Boa Vista, do meu avó Jorge Silva, dos passeios pela bagaceira, – bagaço de cana espalhados pelo pátio, a cavalo com o primo Sérgio Lima, namorico a noite na Praça de São José do Mipibù, de Mariazinha a filha do vaqueiro, do leite cru tirado do peito da vaca.
Saudade é isto que a gente sente coisas boas que o coração não esqueceu.
Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor, membro do IHGRN
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