MINIMALIZANDO –
Não é nada, não. Só praticando um breve exercício “calistênico” tentando me adaptar aos textos curtos e impacientes da Internet. Como dizia o meu professor, o psiquiatra Severino Lopes, tudo é “trenno” na vida, meu filho, aquele som peculiar que ele emitia , ao invés de “treino”. E que a gente gozava à socapa. Pego daí.
De repente acho que eu seria um cara contente comigo mesmo. Forço muito a barra para acreditar nisto. No entanto, por mais que eu busque, rebusque, indague e olhe; vejo que essa coisa de felicidade é, antes de tudo, uma atitude; embora líquida e fugaz, de se procurar estar a bem com e viver a vida. Constante e sólida, só a esperança dos dias em que ela irá aparecer em seus mínimos surtos.
Camus me persegue a dizer que nada é mais trágico que a vida de um homem feliz. Mas felicidade não se trata apenas de não se estar infeliz. Necessário dar-lhe um caminho, estar atento. Afinal, infelicidade é uma forma de fracasso. E quase ninguém quer reconhecer o próprio. Constatação a que se chega só em agudas situações de desespero.
Quando ocorrem certas (simbólicas) amputações. Quando se constata que uma parte de si se foi. Feito uma perna, por exemplo. Como seria difícil andar sem uma delas. E pior, a sensação definitiva de que algo deveria estar ali naquele vazio. Cria-se um buraco imenso na vida que, a gente acha, jamais poderá ser preenchido. Mas com o tempo o turbilhão de dor, raiva e desesperança perde força, tomado por calma e suave resignação. Daí se entender o significado da “alegria triste”: aquele ácido gosto da perda e o doce da esperança misturados na mesma fruta.
Mas tudo continua vivo na lembrança e na imaginação. Acho que isto é que são os fantasmas. Eis minha opinião. No sentido em que afirma Alex Nascimento que ela é aquilo que você finge pedir aos outros, quando, na verdade, quer mesmo é contar suas aventuras. Enfim, trágica será sempre a vida. Até mesmo a dos contentes.