MINISTÉRIO DA FELICIDADE –
O Sheik de Dubai, Mohammad Bin Rashid Al Maktoum, acaba de criar o Ministério da Felicidade, que será apoiado por outro, também recentemente criado, o Ministério da Tolerância. O entendimento do Sheik partiu do princípio de que todo homem tem o direito à felicidade. A finalidade maior do órgão ministerial será o de harmonizar políticas e ações governamentais que tornem feliz o cidadão. Nomeou uma ministra, a linda Ohood Al Roumi, que deve ter maior sensibilidade e percepção do interesse afetivo da sociedade.
O País ganhou especiais condições que podem embasar a felicidade dos seus habitantes. Não há viciados em drogas ilícitas, pedintes, desempregados ou subempregados. Os salários são elevados e sobre eles não incidem impostos, quaisquer contribuições ou descontos.
Todos sabemos que a felicidade é um estado de espírito, há muito de subjetividade. A Constituição Brasileira prescreve apenas a qualidade de vida e o bem-estar público, talvez considerando implícito o direito à felicidade entre os nossos direitos sociais.
Iniciativa semelhante já havia sido tomada por outro país asiático, o também pequeno Butão. Lá se tenta substituir o PIB – Produto Interno Bruto pelo FIB – Felicidade Interna Bruta, ou seja, o índice de felicidade de um povo é a principal mostra da qualidade de vida, superior ao que se produz materialmente.
Dubai participa dos Emirados Árabes Unidos (EAU), um novo Estado criado no Golfo Pérsico, constituído em 1971 por sete Emirados, tendo Abu Dhabi como capital. A região, desértica, era habitada por tribos nômades e pescadores. No século XVI, os portugueses lá fizeram fortificações, principalmente para garantir o comércio de pérolas. Depois vieram os ingleses que, ao final, ajudaram a constituir um novo Estado. O chefe da tribo e sua família passaram a ser os Sheiks, príncipes de dinastia monárquica.
A população é composta por estrangeiros de todas as partes do mundo, oitenta a noventa por cento. Lá trabalham cerca de cinco mil brasileiros, dos quais, 500 são pilotos da aviação.
Os Sheiks de Abu Dhabi e Dubai, inteligentemente, entenderam que a enorme riqueza da extração petrolífera iria acabar e aplicaram a fortuna amealhada em turismo, finanças e construções imobiliárias. Os empreendimentos têm como meta ser o melhor e o maior do mundo. Assim, a mesquita de Abu Dhabi, o Burj Khalifa (castelo), prédio mais alto do mundo, o Burj Al Arab, hotel construído sob ilha em formato de vela e com paredes revestidas com ouro.
A pena de morte é exercida ainda para estupradores, traficantes, assassinos. As chibatadas também são aplicadas para pequenos furtos, crimes menores. Outra punição é a expulsão que pode ocorrer, por exemplo, com o beijar em público. Também poderá ser expulso o estrangeiro que deixar de trabalhar por mais de um mês (lembramos a expressão de Pablo Picasso: “o trabalho é minha única saída, o meu único caminho para ser feliz”), o que praticar atos obscenos, como estirar o dedo médio, ou a pessoa que contrair doença contagiosa: como AIDS, tuberculose, etc. A expulsão poderá ainda ser aplicada a quem criticar o país ou os seus negócios.
A justiça, com membros nomeados pelo Sheik, é exclusivamente exercida por nativos, que, normalmente, tem assessoria de advogados estrangeiros.
Claro que há muitos problemas ainda, mas tudo está sob a proteção de Allah. A população é convocada cinco vezes ao dia, com canto e encanto: “Vinde rezar, vinde florescer, não há outra divindade senão Allah!”.
Diógenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN