O novo Censo da População de Rua de São Paulo, divulgado neste domingo (24) pelo Fantástico, da TV Globo, com exclusividade, aponta que o perfil majoritário das quase 32 mil pessoas que estão atualmente nas ruas da capital paulista é de homens com idade economicamente ativa média de 41,7 anos e 70,8% deles são pretos ou pardos.
Conforme mostrado pelo Fantástico, o número de pessoas vivendo nas ruas da cidade cresceu mais de 31% em relação a 2019, quando o total na rua era de 24,3 mil. O contingente total da população de rua da cidade é maior que a população de 69,6% dos municípios do próprio estado de SP.
Do total da população de rua, 39,2% das pessoas são naturais da própria cidade de São Paulo, 19,86% são de outras cidades do estado de São Paulo e 40,94% são naturais de outros estados do Brasil, como Bahia (8,47%), Minas Gerais (5,44%) e Pernambuco (5,28%).
De acordo com o instituto Qualitest, que fez o levantamento, os distritos pertencentes à Subprefeitura da Mooca registraram o maior aumento de concentração de pessoas em situação de rua na cidade nos últimos dois anos. Em 2019, havia 1.419 pessoas na região e, agora, há 2.254. Crescimento de 170% em apenas dois anos.
Já na região da Subprefeitura da Sé, o aumento em números absolutos foi de 973 pessoas.
“Os motivos de a população de rua se concentrar em sua maioria nos bairros ao redor da área central permanecem inalterados, ou seja, estão relacionados a fatores como mobilidade, trabalho e facilidade de alimentação”, disse um comunicado divulgado nesta segunda (24) pela gestão municipal.
Em dois anos, o crescimento numérico de moradores de rua da cidade foi de 7.540 pessoas, maior que o número total de moradores em situação de rua encontrado no município do Rio de Janeiro em 2020, que era de 7.272 pessoas.
Apesar disso, o relatório final do Censo indica crescimentos bastante significativos da população em situação de rua também em regiões de periferia, como Perus, Vila Maria-Vila Guilherme e Santana-Tucuruvi (Zona Norte); Penha, Itaquera, Ermelino Matarazzo, São Miguel Paulista, Sapopemba, Guaianases e Itaim Paulista (Zona Leste); e Ipiranga, Vila Mariana, Jabaquara e M’Boi Mirim (Zona Sul).
Em todos esses 14 distritos, o crescimento numérico de pessoas vivendo nas ruas foi superior a 100%, segundo a gestão municipal.
Outro indicador de crescimento da pobreza na cidade, segundo a Prefeitura, é a quantidade de pontos de concentração de pessoas nas ruas: em 2019, havia 6.816 pontos. Já em 2021 o número de pontos de abordagem saltou para 12.438, aumento de 82,5%.
O número os recenseadores classificam como “moradias improvisadas” (barracas) nas ruas cresceu 330% entre 2019 e 2021. Enquanto no recenseamento anterior havia 2.051 pontos abordados com barracas improvisadas, em 2021 foram computados 6.778 pontos.
O Censo da população de rua em São Paulo é feito periodicamente. O próximo seria em 2023, mas a prefeitura decidiu antecipá-lo diante de um cenário de urgência: o inegável aumento do número de pessoas vivendo nas ruas da cidade.
Segundo o Censo, tem mais gente vivendo na rua da cidade. Em 219 eram cerca de 24 mil pessoas, agora são quase 32 mil pessoas. Em dois anos, essa população cresceu 31%. Isso contando também quem pernoita em abrigos.
Levando em consideração apenas os que ficam o tempo todo na rua, o aumento registrado pelo Censo é ainda maior: 54%. O novo Censo também mostra que 18 em cada 100 pessoas vivem há menos de um ano nas ruas.
O primeiro levantamento foi feito em 2000. Na época, em cada 10 mil paulistanos, 8 viviam na rua. Em pouco mais de duas décadas, a proporção saltou para 26.
O Padre Júlio Lancellotti se dedica há décadas à população em situação de rua, mas não a vê plenamente contemplada nos censos municipais.
Para responder ao crescimento da população de rua, a Prefeitura de São Paulo aposta em um programa de moradia temporária chamado “Reencontro”. O programa vai oferecer unidades de 12 m² a 19 m².
Conheça histórias de pessoas em situação de rua no vídeo acima, na reportagem especial do Fantástico acima.
Fonte: G1
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