MORREU NA CONFUSÃO –
Volta e meia o tema vem à baila: o problema de consanguinidade. Há uma tendência de determinadas famílias de realizar casamentos entre parentes. A minha é uma delas. O pai de papai, Manuel, era irmão do pai de mamãe, Solon. Fosse pouco, eles eram primos das próprias esposas, Sinhá e Júlia, que, por sua vez, eram primas legítimas. Dois viúvos, cada qual com filhos do primeiro casamento, casaram-se e dessa união nasceu Costinha Fernandes, que acabou casando com uma sobrinha, Adelaide. Irmãos de criação dos viúvos casaram-se e eram meus bisavós, Augusto e Júlia. Não vou entrar na parte científica, na genética, para não encher o saco. Encontrei nos meus alfarrábios caso muito mais complicado. Veja se o leitor consegue acompanhar o raciocínio.
Carta de certo homem ao delegado de polícia:
Não culpo ninguém pela minha morte. Deixei esta vida porque um dia a mais que eu vivesse, acabaria louco.
Explico-lhe, Sr. Delegado: tive a desdita de casar-me com uma viúva, a qual tinha uma filha.
Se eu soubesse disso, jamais teria me casado. Meu pai, para maior desgraça, era viúvo e quis a fatalidade, que ele se enamorasse e casasse com a filha de minha esposa.
Resultou, daí que minha mulher, se tornou sogra de meu pai, minha enteada ficou sendo minha mãe, e meu pai ao mesmo tempo, meu genro.
Após alguns tempos, minha filha trouxe ao mundo um menino, que veio a ser meu irmão, porém neto de minha mulher, de modo que fiquei sendo avô do meu irmão. Com o correr do tempo, minha esposa deu luz a um menino que era irmão de meu irmão, irmão de minha mãe, cunhado de meu pai, tio de meu filho, passando minha mulher a ser a nora de sua própria filha.
Eu, Sr. Delegado, fiquei sendo pai de minha mãe, tornando-me irmão de meu pai e de seu filho e minha mulher ficou sendo minha avó, já que era mãe de minha mãe; assim, acabei avô de mim mesmo.
Dessa forma, senhor delegado, parto dessa para melhor, pois não consigo viver no meio de tanta confusão.