Os famosos bordados de Caicó, município a 283 km de Natal, estão em exposição no Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), no Rio de Janeiro. Em mais de 200 peças bordadas, objetos e referências culturais, os visitantes vão poder conferir o universo do bordado de Caicó, que vem sendo passado de mãe para filha desde meados do século 19.
Com curadoria do designer Renato Imbroisi, a exposição aberta ao público nesta terça-feira (7) revela a diversidade e a tradição do bordado de Caicó, conhecido no Brasil e no mundo por sua beleza, regionalidade, excelente qualidade e acabamento impecável.
A Mostra Bordados de Caicó segue até o dia 6 de março de 2022 e traz também renovação em criações desenvolvidas nas oficinas dirigidas pelo curador junto com a designer e ilustradora Lui Lo Pumo.
“É muito importante trazer para o Rio de Janeiro o trabalho de cerca de 2.700 artesãs, em que a maioria são mulheres, de 12 municípios de uma região nordestina muito importante, a do Seridó. Entre esses municípios, podemos destacar dois: Caicó e mais um outro município pequeno, com cerca de 2.500 habitantes, chamado Timbaúba dos Batistas, onde só nele somam 700 bordadeiras”, destacou o diretor superintendente do Sebrae-RN, José Ferreira de Melo Neto.
A origem do bordado de Caicó remonta à chegada de famílias vindas da Ilha da Madeira, em Portugal, para o Rio Grande do Norte. Sob influência dessas imigrantes, as mulheres começaram também a fazer esse tipo de bordado, que adquiriu feições locais, sem perder traços de sua origem.
Na exposição, uma saia bordada em 1906 e outros objetos centenários de um acervo familiar revelam a ancestralidade desta arte. Uma tela da artista plástica potiguar Ariell Guerra, filha de família caicoense, representando a região, foi transposta para tecidos bordados e tudo isso estará exposto.
No Rio Grande do Norte, centenas de bordadeiras fazem desta prática seu sustento ou colaboram de maneira significativa para a renda familiar, ao mesmo tempo em que se tornam empoderadas e vivenciam a satisfação pessoal de criar e produzir artesanato bonito, valorizado e bem aceito no mercado.
“Muitas mulheres sustentam famílias e pagam as faculdades dos filhos com a renda que esse trabalho proporciona”, conta Iracema Nogueira, presidente do Comitê Regional das Associações e Cooperativas Artesanais do Seridó.
Fonte: G1RN