MOSTRE AS ESTRELAS A SEU FILHO – 

Quando rapazinho, uma das coisas que me trazia tranquilidade era ir para o quintal de casa, deitar no cimentado frio da noite e, ficar vislumbrando o céu estrelado.

Doido? Que nada!

Não ficava procurando Nebulosas, Supernovas, Plêiades – no máximo buscava a ‘Cruzeiro do Sul’ e as ‘Três-marias’, pois meu entendimento era apenas da grandeza infinita do céu.

Fascinava-me com a visão noturna imaginando que outras pessoas, em diferentes partes do mundo, também estariam contemplando este mesmo espaço celeste.

A estrela de Belém orientou os Reis Magos até o menino Jesus e, como tal, eu buscava uma delas que pudesse me levar ao futuro, através da luz direcionada pelo Deus majestoso, criador daquele firmamento.

O ato de contemplar a infinidade de estrelas me impulsionava a conversar absorto sobre meus sonhos e desejos, de uma forma íntima com o Pai. Poderia até dizer com mais intensidade: era uma verdadeira oração viva!

Cresci e o mundo me acompanhou ou vice-versa. A expansão urbana foi limitando a visão do céu noturno. Os quintais reduzidos, o olhar em outras direções, o foco apenas no artificial e, algumas vezes para o chão que pisamos, indisciplinaram nossa visão a quase nunca fitar o céu com a sua beleza e imponência de antes.

Não que o céu recolheu suas estrelas, mas dificilmente buscamos seus brilhos e inspirações, num quase “esquecido” em olhar para o alto.

Distanciamo-nos das estrelas. Logo elas que estavam ao alcance de nossas mãos, e que quando crianças nos diziam: “não aponte para as estrelas se não nasce uma verruga no seu dedo”. Mesmo assim sempre apontava ‘apertando’ as pálpebras para ter a “experiência” em tocá-las.

O céu que nos encobre é o mesmo, ainda que nos esqueçamos de buscar a intensidade do brilho das estrelas, por acreditar que a nossa estrela pessoal seja mais radiosa.

Somos luz e, como tal, devemos ser estrelas que acendem o desânimo do outro, do trabalho incessante pela harmonia familiar, do carinho com as crianças e idosos, da ação caridosa com menos favorecidos, enfim.

Não apague a estrela do companheirismo e da solidariedade achando que apenas você tem um brilho especial. Junte sua luz a do seu semelhante e a claridade resplandecerá a face do Criador.

Mostre as estrelas a seu filho para que percebam que diante da grandeza do céu somos pequenos fragmentos da infinitude de Deus.

Não deixe passar um dia sem olhar para o céu agradecendo por tudo, mesmo que sua vida seja mais penosa que pareça ser.

Não deixe que o seu céu de esperança pareça menor, mesmo que só tenha uma ou outra estrela daquele firmamento do tempo de criança. As dificuldades da vida não devem impedi-lo de olhar para o alto.

Quer que a sua estrela permaneça brilhando?

Não a confronte com a dos outros. Cada um tem oportunidades diferentes. Não se deixe parecer um derrotado, pois isso não o faz melhor perante olhos que não lhe enxergam. Você tem suas qualidades e valores que o tornam diferenciado.

Faça sua luz brilhar sem ofuscar a luz daqueles que convivem com você. Não fique obcecado pela intensidade da luz do outro, nem inchado de vaidade por sua estrela ser mais brilhosa.

Cada um tem a luz suficiente para seguir iluminando o caminho que nos leva ao verdadeiro encontro com as estrelas da misericórdia de Deus.

As estrelas são elos entre o finito humano e a grandiosidade divina. Elas brilham sobre o teto da casinha mais humilde da mesma forma que nos altos dos arranhas-céus.

Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8.12).

 

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras, [email protected]

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