VALÉRIO MESQUITA 3

Já alertei ao amigo Demétrio Torres com relação a alguns problemas pendentes. O mosquito da dengue, por exemplo, já se instalou em Natal. E chegou com propositada pontualidade. Não sei se o “sismógrafo” da Covisa detectou o perigo. O natalense já se habituou as suas picadas. Mas, numa copa do mundo, o aedes aegypti sabe que, para ser importante, deve deixar de ser popular. Ele adora pele branca, européia, norte-americana, aliás, epidermes pouco comuns aqui no semi-árido. Já imaginou uma ferroada no vice-presidente norte-americano Joe Biden?

Não é preciso convocar o Exército brasileiro. Apesar do mosquito ser invisível e terrorista, ele atua desarmado. Se o natalense se inclina a pedir providências é porque teme igualmente, por si mesmo. O inseto não precisa de cárcere privado. Precisa de veneno, de fumacê e de outras medidas que o governo pode tomar. Lembrem-se que os visitantes vão circular por aí, em lugares públicos e nas sombras da cidade. Se um hospital natalense receber no período da copa um turista ou um jogador vítima da dengue, escute, à noite, a notícia na rede social do mundo. E por que não cuidar logo, preventivamente (por causa dessas chuvas) de medidas preventivas dentro da rotina da saúde pública, quer seja a estadual ou a municipal?

Para não dizerem que falei de surto, sua excelência, o aedes aegypti, precisa de fumacê urgente. Preventivamente. Pois, ele chegou a Natal em voo de jatinho, nos dois aeroportos. O ilustre penetra já comprou ingresso para os jogos da Arena das Dunas. Por enquanto, está percorrendo os bairros da capital. Semana passada, foi reconhecido nas antesalas das secretarias de saúde e já tem ocupado o merecido lugar na mídia. Estava, desde algum tempo, quase desaparecido do noticiário e dos registros hospitalares. Chegou para desmentir a tese de que ele só pica a pele de pobre. Daí a lentidão das medidas preventivas para combatê-lo. Agora, segundo o seu porta-voz, ele quer carne e sangue de gringo. Dizem as más línguas que o inseto veio para ficar, porque aqui é o seu lugar e não no Egito. O noticiário nacional já comenta a sua atuação em Recife, Fortaleza, no Rio de Janeiro e em São Paulo. No dia que o turista da copa, das dunas, das donas, souber que o guia é o aedes aegypti, aí não haverá choro, vela, nem dengo – a dengue vai reinar sobre a incúria e a incompetência das autoridades ditas competentes.

Não estou navegando no lugar comum do protesto ou do boicote. Ante tantas improvisações e açodamentos para incluírem Natal no rol da copa do mundo, esse detalhe pode passar desapercebido. Gastaram milhões e milhões e esqueceram de caçar o voador! Irá virar comédia? Ou tragédia? Num estado em que a secretaria de saúde, está escrito, vai chegar em dezembro próximo com mais de trezentos médicos a menos, o desafio dos motores do desenvolvimento, no que tange a saúde do povo – pode pifar. Expandiram o comércio, os serviços e o turismo, sem a educação, a segurança e a saúde, crescerem concomitantes. Daí a economia do Rio Grande do Norte não atingir o índice desejável. Quem  absolve o omisso não é o padre, é a confissão, já que o hospital não foi construído, pelo menos, matem o facínora do mosquito!

 Valério Mesquita – Escritor, Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do RN  [email protected]

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