O portal g1 conversou com especialistas para entender que fenômeno pode ter causado os estragos. Confira:
De acordo com a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, o que pode ter ocorrido é conhecido como “movimento de massa“. Ele acontece, principalmente, quando chove muito.
“A saturação de água no solo, agravada pelos recentes episódios de chuvas no Rio Grande do Sul, está entre as condições capazes de propiciar o fenômeno”, diz a Defesa Civil.
O Serviço Geológico do Brasil indica que o movimento de massa causa instabilidade do solo. Entre as consequências dessa instabilidade, estão: tombamento de blocos terrestres, deslizamento e desabamento de terrenos.
O Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia divulgou, em nota, que a região de Gramado “apresenta características para movimentos de massa e inundações”.
De acordo com o geólogo Diogo Rodrigues, chefe do Departamento da Gestão Territorial do Serviço Geológico do Brasil, movimentos de massa são movimentos gravitacionais responsáveis pela mobilização de solo, sedimentos, vegetação ou rochas pela encosta abaixo, geralmente potencializados pela ação da água.
Os principais tipos de movimentos de massa são:
As rochas vulcânicas da região de Gramado são alteradas a um solo argiloso que, dependendo da declividade do local, podem resultar em perfis de solos rasos ou mais espessos. Em áreas assim, normalmente, se desenvolve uma superfície de contato entre o solo e a rocha que, após volumes intensos de chuva, propiciam os movimentos de massa.
“É importante identificar, nos municípios, onde já ocorreu esta movimentação e onde estão localizados estes solos já transportados, pois são áreas instáveis que podem sofrer movimentações, gerando rachaduras no terreno, e/ou novas deposições de material das encostas acima”, explica Rodrigues.
Existem ainda as falhas e fraturas relacionadas às rochas vulcânicas da região, que podem sofrer acomodações ao longo do tempo geológico e, portanto, causar rachaduras em determinados locais.
A chuva intensa e persistente ao longo do tempo é uma das principais causas, juntamente com a declividade elevada (áreas íngremes), que causam os movimentos de massa, pois propiciam o preenchimento dos espaços vazios no solo (poros) por água, saturando ele e, consequentemente, aumentando a possibilidade de movimentações pelo peso e pressão exercida pela água no material ao longo de uma superfície de fraqueza (contato entre solo e rocha, por exemplo).
Após a rachadura aparecer, a medição pode ser feita de forma rápida, com técnicas simples, por exemplo, sendo medida com uma trena. Existem outras técnicas, mais complexas e precisas, como através de imagens obtidas em câmeras ou da instalação de sensores de movimento.
As medições devem ser espaçadas no tempo conforme a velocidade do processo (horária, em turnos, diária, semanal e mensal).
A recomendação é que esse trabalho seja feito por um especialista. É a partir da avaliação dele que é possível tomar decisões como, por exemplo, a retirada da população de forma preventiva nas situações mais críticas e, a depender da situação, indicar medidas necessárias para a contenção da rachadura.
O geólogo Rodrigues é categórico: “conhecer para evitar!”.
“A melhor forma para evitar a ocorrência de eventos do tipo é investir no conhecimento do terreno e dos processos que estão ocorrendo, a fim de possibilitar a otimização dos instrumentos de gestão territorial (plano diretor, zoneamento, implantação e áreas verdes e de preservação, qualificação dos sistemas de licenciamento, etc.) e melhor aplicação pelas lideranças, gestores e população local”, relata.
Ele diz que são fundamentais a elaboração e atualização, com frequência, dos mapeamentos de áreas de risco geológico, para que as áreas de risco ocupadas sejam monitoradas e haja a inibição da ocupação dessas áreas, além de cartas geotécnicas de aptidão à urbanização, que são essenciais para o planejamento da expansão urbana de forma segura.
Fonte: G1
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