A força-tarefa da Operação Lava Jato apresentou ontem duas novas denúncias contra 17 pessoas suspeitas de participação no esquema de corrupção instalado na Petrobras. A primeira se refere à 23ª fase da Operação, a Acarajé, e a segunda, à 26ª etapa, a Xepa. Entre esses denunciados, estão o ex-marqueteiro do PT João Santana e a sua mulher, Monica Moura. Também são acusados formalmente o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Os quatro são acusados dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
O objeto da primeira denúncia é o suposto pagamento de 4,5 milhões de dólares a João Santana pelo lobista e engenheiro representante no Brasil do estaleiro Keppel Fels, Zwi Skornicki. O estaleiro fornecia navios sondas para a Petrobras. O dinheiro repassado ao marqueteiro, que foi responsável pelas campanhas do ex-presidente Lula e da presidente Dilma foi feito da parte que cabia ao PT no esquema. Em relação a Monica Moura, ela foi quem indicou para o lobista os dados das contas para os depósitos no exterior. A segunda denúncia se refere aos 3 milhões de dólares remetidos a Santana por offshores ligadas à Odebrecht e ao chamado “departamento de propina”, que funcionava para cuidar especificamente das operações ilegais. Esta é a terceira denúncia contra Marcelo Odebrecht, que já foi condenado em um primeiro processo a 19 anos de prisão. Segundo as investigações, Odebrecht coordenava o chamado “Setor de Operações Estruturadas”, que dispunha de funcionários e de um sistema informacional próprios, e tinha a estrutura de uma verdadeira “indústria de propinas”.
O coordenador da força-tarefa da Lava Jato, procurador Deltan Martinazzo Dallagnol, fez um balanço geral sobre a operação. Segundo ele, contando as duas de ontem, a Lava Jato soma 39 acusações formais e 93 condenações. Ele também afirmou que 2,9 bilhões de reais foram devolvidos aos cofres públicos por meio de acordos de delação premiada. O coordenador também ressaltou que a corrupção não é exclusividade de “partido A ou B”. E afirmou ainda que uma eventual troca de governo não significa necessariamente que o combate à corrupção no país já “está com meio caminho andado”.