MUDAR O PRÓPRIO NOME –
Ralrão. Um amigo de Ivis Bezerra colaborava eventualmente com um jornal de Brasília. Seu nome: RAULINO GALRÃO. Por erro de revisão saía Raulino Galvão. Às vezes trocavam até o Raulino por Paulino. Irritadíssimo, ele vivia a reclamar de um amigo seu, que era editor do jornal, Antônio Negreiros. Este passou a fazer a troca propositadamente e os artigos só saíam assinados por Raulino Galvão.
Inconformado, ele escreveu o seu nome em letras garrafais: RAULINO GALRÃO COM R. Para sua surpresa, eis como saiu no jornal no dia seguinte: RAULINO RALRÃO.
Padre Mota. Há tabeliães e padres que tentam demover os pais dos nomes acrobáticos, e, quando não conseguem, deveriam usar da autoridade, como muito bem o fazia o saudoso Padre Mota:
— Como é o nome do negrinho?
— Herbert William.
— Que conversa é essa? Você já viu negro com esse nome? Benedito, te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, amém…
Mudar o nome. Tirar ou mudar o nome em cartório, depois de adulto, é dificílimo. Acrescentar, nem tanto. Chegou um cidadão para o juiz:
— Meritíssimo eu gostaria de trocar o meu nome.
— Qual a sua idade?
— Vinte e dois anos.
— É praticamente impossível. O senhor já tem documentos e a lei não permite. Como é o seu nome?
— Joaquim Bosta.
— Como?
— Joaquim Bosta.
— Ah, sendo assim a gente arranja um jeito de mudar o seu nome. Como o senhor desejaria se chamar?
— Manuel Bosta… Eu não tolero esse nome de Joaquim… ficam a me chamar de Quincas…
Zé de Adélia X Carlyle. Um dos melhores mecânicos de Mossoró, Zé de Adélia, tornou-se famoso pelas proezas da sua mãe, a destemida Adélia, que tinha vários filhos, cada qual de um pai diferente. Um filho de Zé de Adélia, Raimundo Carlyle de Oliveira Costa, Juiz de Direito, resolveu criar um novo sobrenome: a família Carlyle, em homenagem ao poeta inglês, embora a maioria dos seus amigos tentem demovê-lo da idéia para criar a família Adélia, em homenagem a sua avó.
Lauro Pinto, casado com Yara Alice Aranha Rego, que mudou para Yara do Rego Pinto, teve quatro filhos – Yêza, Araken, Janda e Yara. Foram contemplados com onze netos e, também, onze bisnetos. Por exigência de Lauro Pinto, Araken colocou nomes indígenas nos filhos – Jussara, Jussana, Aimberê e Uianê. Janda, a terceira filha, teve Ararê, Iraê e Araunã; nomes não muito nativos foram Nelson e Nice de Yêsa, a primogênita e Daliana e João Marcelo de Yara, a quarta.
No caso acima, da família do patriarca Lauro Pinto, ninguém quis mudar de nome, para não desgostar o autor do livro “Natal que eu vi”, reeditado pelo seu filho Araken e que, no dizer de Sanderson Negreiros, “Lauro Pinto faz, nesse livro, a sociologia mais verdadeira, mais necessária, mais sem equívocos: a de saber mostrar sua aldeia, sua intimidade, seu território humano, seu habitat rumoroso e numeroso, com fixações de poeta que não quis sê-lo — e o foi, amando sua cidade como se reencontrasse seu sonho derradeiro de ser feliz.”